A poucos meses do início do período de transição, a preparação das empresas para a Reforma Tributária segue em estágio crítico no Brasil. Em um levantamento conduzido pela BMS Consultoria Tributária com 200 companhias, identificamos que 73% ainda não iniciaram sequer as ações básicas de adequação, mesmo diante de impactos diretos no fluxo de caixa e na previsibilidade financeira projetados para 2026.
Esse dado não surgiu por acaso. Ao longo dos últimos meses, tenho acompanhado de perto a rotina fiscal e financeira de empresas de diferentes setores e portes. Em muitos casos, o tema ainda ocupa um espaço secundário na tomada de decisão financeira, apesar dos riscos já mapeados e da insegurança tributária. Ainda assim, o novo modelo exige postura diferente, planejamento antecipado e envolvimento direto da alta gestão para a preparação das empresas para a Reforma Tributária.
Os dados do estudo evidenciam falhas estruturais na preparação das empresas para a Reforma Tributária:
- 61% desconhecem os impactos do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços);
- 84% não revisaram códigos NCM e NBS;
- 92% não adequaram seus sistemas ao código IBGE, base da tributação no destino.
Essas lacunas não são apenas técnicas e já afetam o controle financeiro das empresas.
Leia Também: Planejamento patrimonial e sucessório: 2025 pode ser a última chance antes da reforma tributária
A ausência de padronização na preparação das empresas para a Reforma Tributária gera impactos financeiros claros:
- glosas de crédito;
- erros de alíquotas;
- distorções na distribuição de receitas entre municípios.
Como consequência, a exposição fiscal cresce de forma contínua.
Preparação das empresas para a Reforma Tributária e os riscos operacionais
Em operações com grandes bases de clientes, encontramos situações em que até 40% dos endereços estavam desatualizados. Esse tipo de inconsistência leva diretamente à aplicação incorreta de alíquotas e à apropriação indevida de créditos. Em muitos casos, o impacto aparece primeiro no custo operacional, antes mesmo de qualquer questionamento formal do Fisco.
Ao observar esse padrão em diferentes empresas, fica claro que esse processo não pode ser tratado como um ajuste pontual. Trata-se de uma adaptação estruturada, que envolve revisão de dados, integração entre áreas e adequação tecnológica, com reflexos diretos na governança corporativa e na mitigação de riscos financeiros.
Existe, ainda, uma diferença relevante entre quem começa agora e quem decide esperar. Empresas que iniciam o processo de preparação com antecedência conseguem testar cenários, corrigir falhas e preservar créditos de forma organizada. Além disso, ganham tempo para planejar decisões com maior eficiência financeira.
Leia Também: Distribuição de lucros será tributada: o alerta que as empresas não podem ignorar ainda em 2025
Por outro lado, quem deixa para agir apenas em 2026 tende a enfrentar improviso, falhas operacionais e custos operacionais mais elevados. A experiência mostra que ajustes feitos sob pressão quase sempre resultam em perda de eficiência e menor previsibilidade do caixa, especialmente sob a ótica do CFO.
A transição já está em andamento. Mais do que cumprir uma nova regra, a preparação das empresas para a Reforma Tributária passou a ser um tema central de gestão, controle e estratégia financeira. Quem entende isso agora atravessa o processo com controle. Quem ignora, inevitavelmente, absorve o impacto depois.
**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal.











