Devido à baixa performance, a Ford decidiu revisar sua estratégia para veículos elétricos, assim suspendendo a produção da F-150 Lightning, versão elétrica da icônica picape F-150. Anunciada nesta segunda-feira (15/12), a mudança levará a um prejuízo contábil de US$ 19,5 bilhões (cerca de R$106,23 bilhões), concentrado majoritariamente no trimestre atual, segundo a própria montadora.
Apesar do impacto, a Ford afirmou que, ao desconsiderar esse efeito contábil, o trimestre tende a apresentar resultado favorável. Isso ocorre porque as vendas de caminhonetes e SUVs movidos a gasolina seguem sustentando a geração de caixa da companhia. Diante desse cenário, a empresa elevou sua meta de lucro operacional anual para US$ 7 bilhões (aproximadamente R$38,13 bilhões)
F-150 Lightning e a revisão dos planos elétricos
A suspensão da F-150 Lightning, modelo elétrico da picape mais vendida da Ford, simboliza uma reavaliação mais ampla. Embora as vendas de veículos elétricos da empresa tenham crescido 30% no terceiro trimestre, em comparação com o mesmo período do ano anterior, o volume absoluto alcançou apenas 30,6 mil unidades. Esse total representou menos de 6% das vendas da Ford nos Estados Unidos.
Além disso, a montadora não informou quando a produção de uma nova geração da picape elétrica da Ford será iniciada, nem se será alguma variante do F-150 Lightning. Porém, o que está confirmado é que a próxima F-150 contará com autonomia estimada em 700 milhas, cerca de 1,1 mil quilômetros. Além disso, terá capacidade ampliada para reboque pesado, atributos voltados ao público tradicional do modelo.
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Incentivos, demanda e limites do mercado
Parte da expansão recente da demanda por elétricos ocorreu no verão e em setembro, período marcado pelo encerramento programado de um crédito fiscal de US$ 7,5 mil para compradores nos EUA. Com o fim do benefício, estimativas externas apontam retração nas vendas totais de veículos elétricos no país no quarto trimestre, ainda sem dados oficiais consolidados.
Esse contexto ajuda a explicar por que a F-150 Lightning passou a ocupar papel secundário no curto prazo. O desempenho comercial ficou aquém das projeções feitas quando a empresa ampliou investimentos em eletrificação. Ela fez isso apostando em regras ambientais mais duras e na expansão de restrições a veículos a combustão em alguns estados.
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Reposicionamento da F-150 Lightning no portfólio
O redesenho da estratégia ocorre após a reversão de políticas ambientais federais e de incentivos financeiros para elétricos nos EUA. Diante disso, a Ford busca alternativas para utilizar ativos ligados à produção de baterias além da propulsão veicular. Nesse cenário, o futuro da F-150 Lightning passa a depender menos de ambições regulatórias e mais de viabilidade econômica. Tudo em um mercado que segue privilegiando escala, margem e previsibilidade de retorno.











