A Selic em 2026 entrou no radar do mercado com mais cautela após a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) nesta terça-feira (16/12). Embora o Banco Central reconheça sinais de desaceleração da atividade e surpresa positiva da inflação, o documento afastou a possibilidade de início imediato de cortes nos juros, ao reforçar a necessidade de manter uma política monetária restritiva por mais tempo.
A leitura predominante entre economistas é que o Copom optou por ganhar tempo. Segundo Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos, a ata transmite a mensagem de que “a política monetária está funcionando”, mas ainda enfrenta vetores inflacionários adversos, o que exige cautela adicional. Para a XP, janeiro está praticamente descartado para o início do afrouxamento, apesar da melhora recente dos indicadores.
Selic em 2026 e a cautela do Banco Central
Na avaliação da XP Investimentos, a Selic em 2026 deve começar a cair apenas em março, com um ciclo gradual de flexibilização. A casa projeta seis cortes consecutivos de 0,50 ponto percentual, levando a taxa básica para 12,0% ao ano no encerramento de 2026. Essa projeção considera a convergência lenta das expectativas de inflação, que seguem acima da meta em todos os horizontes monitorados pelo Banco Central.
Leitura semelhante foi apresentada por Rafael Sueishi, head de renda fixa da Manchester Investimentos. Para ele, a ata não deixou espaço para complacência e reforçou uma postura mais dura, com foco absoluto na ancoragem das expectativas. Sueishi avalia que o Copom sinaliza a permanência de juros elevados por um período prolongado, mesmo diante de leituras inflacionárias mais benignas no curto prazo.
Olhar do mercado
Entre as instituições financeiras, as projeções para a Selic em 2026 ainda divergem. O Itaú BBA, por exemplo, prefere não cravar o mês de início dos cortes. Segundo Mário Mesquita, economista-chefe do banco, a ata descreve um cenário que prescreve uma política monetária contracionista, e não apenas juros em patamar elevado. Essa distinção abre espaço para cortes mais moderados ao longo do próximo ano, com a Selic encerrando 2026 em torno de 12,75%.
Já a Hike Capital trabalha com um intervalo mais amplo. Ângelo Belitardo, gestor da casa, afirmou à VEJA que o Banco Central dificilmente iniciará cortes em janeiro de 2026, concentrando a possibilidade no primeiro trimestre, possivelmente em março. A gestora estima a Selic entre 11,75% e 12,50% ao fim do ano, com reduções graduais de 0,25 ponto percentual. Outros analistas como Ricardo Rocha, do Insper, e Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, avaliam que fatores fiscais e um mercado de trabalho ainda apertado dificultam o início rápido do afrouxamento monetário. Além disso, estímulos ao consumo, como a isenção do Imposto de Renda para rendas mais baixas, tendem a sustentar a demanda e manter a inflação de serviços pressionada.
Caminho esperado para a taxa básica
O consenso parcial do mercado indica que a Selic em 2026 deve permanecer elevada por mais tempo do que o desejado pelos agentes econômicos. Além disso, o início dos cortes depende de sinais mais consistentes de convergência da inflação para o centro da meta de 3% ao ano. Até lá, a ata do Copom reforça que o Banco Central seguirá vigilante, disposto a sacrificar o ritmo de crescimento para preservar a credibilidade da política monetária.











