Os juros no Brasil devem permanecer elevados por mais tempo do que o mercado projetava até recentemente. No Relatório de Política Monetária divulgado nesta quinta-feira (18/12), o Banco Central indicou que a inflação só deve convergir ao centro da meta de 3% no primeiro trimestre de 2028, afastando a possibilidade de flexibilização no início de 2026.
Segundo o documento, a inflação projetada atinge 3,2% no terceiro trimestre de 2027, período que passa a orientar a política monetária. Esse cenário mantém pressão sobre a taxa de juros.
Juros no Brasil e o horizonte da política monetária
O Banco Central reforçou o compromisso com a meta contínua de 3%. A autoridade indicou que esse patamar só será alcançado no primeiro trimestre de 2028, prolongando o atual nível dos juros.
Para Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, esse desenho reduz espaço para cortes antecipados. “A projeção estagnada em 3,2% ao longo de 2027 complica ainda mais um corte em janeiro”, afirma.
Ela avalia que março surge como referência central para o mercado. Ainda assim, o custo do dinheiro permanece condicionado ao câmbio e às expectativas inflacionárias.
O relatório trouxe algum alívio ao revisar o crescimento econômico. A projeção do PIB foi elevada após surpresa positiva no terceiro trimestre e ajustes técnicos.
PIB e leitura do Banco Central:
- Crescimento de 2,3% em 2025, ante 2,0%.
- Expansão de 1,6% em 2026, acima dos 1,5% anteriores.
- Leitura mantida de desaceleração gradual da atividade.
- Atividade mais fraca segue como instrumento para conter os juros no Brasil.
Crédito, atividade econômica e leitura do Banco Central
O capítulo de crédito apresentou sinais mistos. O Banco Central revisou para cima o crédito livre às famílias, mantendo cautela com empresas. O efeito agregado foi positivo.
Apesar disso, surgem sinais iniciais de arrefecimento do crédito. O BC considera esse comportamento compatível com o atual patamar dos juros no Brasil.
O hiato do produto permanece positivo no curto prazo, pressionando preços. A projeção indica fechamento gradual, com estimativa de -0,4% no segundo trimestre de 2027.
Dinâmica da taxa de juros e percepção do mercado
Para Ian Lima, gestor de renda fixa da Inter Asset, o impacto do relatório foi limitado. “O documento não incorpora informação nova capaz de alterar a precificação”, avalia.
Nesse contexto, o debate sobre os juros no Brasil migra para o segundo trimestre. O tom mais duro do Copom elevou a exigência para flexibilização. Inflação e câmbio seguem determinantes.











