A empresa chinesa de tecnologia, ByteDance, assinou nesta quinta-feira (18/12) acordos vinculantes para a venda do TikTok nos EUA a um grupo de investidores liderados pela gigante da tecnologia Oracle. De acordo com informações da Reuters, a operação transfere o controle das atividades do aplicativo no país para uma nova joint venture americana e busca atender às exigências legais que condicionam a continuidade do aplicativo no país à redução do controle chinês.
Como parte do arranjo, as operações do aplicativo nos Estados Unidos passam a ser conduzidas por uma nova empresa, a TikTok USDS Joint Venture LLC. Trata-se de uma joint venture (parceria estratégica entre empresas) criada para separar a gestão local da estrutura global controlada pela ByteDance.
O acordo envolve uma plataforma utilizada regularmente por mais de 170 milhões de americanos e encerra um impasse que se arrasta desde 2020. No período, o então presidente Donald Trump tentou impedir o funcionamento do TikTok por preocupações relacionadas à segurança nacional.
Venda do TikTok nos EUA: como funcionará a estrutura societária
Pelo desenho da venda do TikTok nos EUA, a joint venture terá 80,1% do capital nas mãos de investidores americanos e globais, incluindo a Oracle, o fundo Silver Lake e a MGX, sediada em Abu Dhabi. Além disso, a ByteDance manterá 19,9% de participação, percentual abaixo do limite estabelecido pela lei aprovada em 2024.
A governança da nova empresa prevê um conselho de sete membros, com apenas um indicado pela ByteDance. Os demais assentos ficarão sob controle de representantes americanos. A conclusão da operação está prevista para 22 de janeiro.
Em setembro, o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, afirmou que a nova empresa criada após a venda do TikTok nos EUA teria avaliação em torno de US$ 14 bilhões. Porém, o memorando interno do TikTok nos EUA ainda não trouxe o valor final.
Dados, algoritmo e o papel da Oracle na venda do TikTok nos EUA
Em mensagem enviada aos funcionários, o CEO do TikTok, Shou Zi Chew, afirmou que a joint venture:
“operará como uma entidade independente, com autoridade sobre a proteção de dados nos EUA, segurança do algoritmo, moderação de conteúdo e garantia de software”.
Nesse modelo estabelecido pela venda do TikTok nos EUA, a Oracle atuará como parceira de segurança confiável. Portanto, responsável por auditar a conformidade regulatória e hospedar os dados de usuários americanos em infraestrutura de nuvem operada nos Estados Unidos.
Ainda assim, persistem dúvidas sobre o alcance dessa autonomia. Rush Doshi, ex-integrante do Conselho de Segurança Nacional no governo Joe Biden, afirmou que não está claro se o algoritmo foi transferido, licenciado ou se permanece sob controle chinês, com a Oracle exercendo apenas funções de monitoramento.
Leia também: Data center do TikTok no Ceará terá investimento de R$ 200 bi
Separação entre operação técnica e negócios comerciais
Fontes indicam que, após a venda do TikTok nos EUA, a joint venture ficará responsável pela infraestrutura técnica do aplicativo, incluindo os dados de usuários e o algoritmo. Em paralelo, uma entidade controlada pela ByteDance continuará conduzindo as atividades comerciais do TikTok nos Estados Unidos.
Esse braço seguirá responsável por publicidade, marketing e comércio eletrônico, concentrando a geração de receitas. Segundo as fontes, a nova empresa americana receberá uma parcela desses valores como remuneração pelos serviços de tecnologia e dados prestados.
O que mantém o acordo sob análise política
No plano político, a transação continua sob observação. A senadora democrata Elizabeth Warren afirmou que ainda existem muitas perguntas sem resposta sobre os termos do acordo. Além disso, ela criticou possíveis negociações de bastidores envolvendo grandes grupos econômicos.
Já o deputado republicano John Moolenaar, presidente do Comitê Seleto da Câmara sobre a China, declarou que pretende ouvir a liderança da nova entidade do TikTok em uma audiência prevista para 2026. Assim, mesmo após a venda do TikTok nos EUA, o debate regulatório sobre dados, tecnologia e influência estrangeira segue ativo no Congresso americano.











