Os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) no Brasil encerraram novembro com patrimônio líquido de R$ 741,1 bilhões, após alta de 22,5% em 12 meses. Os dados, divulgados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA) na última quarta-feira (24/12), apontam que o avanço ocorre junto à ampliação da base de investidores, que mais que dobrou no período, reforçando a relevância desse instrumento no mercado de crédito.
Além do crescimento patrimonial, o número de contas passou de 147,3 mil para 333,7 mil. Nesse contexto, o dado mais sensível está na entrada de investidores em geral, enquanto agentes institucionais seguiram concentrando o maior volume financeiro das emissões.
FIDCs no Brasil: o que são e como funcionam no mercado
Os FIDCs são veículos que aplicam recursos na aquisição de recebíveis, como duplicatas, parcelas de cartão de crédito, contratos de financiamento e outros fluxos de crédito. Na prática, esses fundos transformam direitos a receber em ativos financeiros negociáveis.
No Brasil, os FIDCs operam como uma ponte entre empresas que precisam antecipar caixa e investidores interessados em exposição a crédito estruturado. A estrutura permite segmentar riscos, definir diferentes classes de cotas e adequar o produto a perfis variados, desde institucionais até investidores qualificados e, mais recentemente, o varejo.
A ampliação do acesso ganhou tração após a Resolução CVM 175, que reorganizou o arcabouço regulatório dos fundos e ampliou a transparência das estruturas. Ainda assim, o produto exige análise cuidadosa de risco, lastro e liquidez, o que explica a predominância institucional nas subscrições.
Expansão da base de investidores de FIDCs no Brasil
Além disso, a abertura regulatória alterou o perfil do mercado de crédito estruturado. As contas de investidores em geral avançaram de 2,4 mil para 34,3 mil, enquanto os investidores qualificados chegaram a 239,7 mil contas. Já os profissionais somaram 31,5 mil, com crescimento mais moderado.
Segundo Julya Wellisch, diretora da Anbima, “os FIDCs vêm consolidando seu papel no financiamento da economia real e ganhando espaço entre investidores que buscam diversificação”.
A leitura da entidade associa o avanço dos FIDCs no Brasil à eficiência dos fundos na alocação de capital. Assim como ao uso crescente de recebíveis como alternativa ao crédito bancário tradicional.
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Ritmo das emissões dos fundos de investimento
No campo das ofertas, a captação acumulou R$ 90,1 bilhões entre dezembro de 2024 e novembro de 2025. Apenas em novembro, foram R$ 6,4 bilhões distribuídos em 91 operações. Logo, os FIDCs responderam por 75% das subscrições no Brasil, o equivalente a R$ 4,8 bilhões.
Esse padrão indica que, embora a base de investidores esteja mais ampla, o volume financeiro segue concentrado em agentes com maior capacidade de avaliação de risco de crédito. E, além disso, à estrutura das operações e à liquidez dos ativos.
Leitura do segmento de FIDCs no país
A consolidação do segmento de FIDCs ocorre em um ambiente de busca por diversificação e novas formas de financiamento da economia real, apoiada por avanços regulatórios e maior disponibilidade de dados via Anbima Data. Ao mesmo tempo, a dependência institucional nas emissões sugere que a expansão dos FIDCs no Brasil seguirá atrelada à qualidade do crédito e à confiança dos grandes investidores. Portanto, fatores que devem definir o ritmo do setor nos próximos trimestres.











