O varejo no Natal de 2025 registrou crescimento nominal de 2,6% nas vendas realizadas entre 19 e 25 de dezembro, segundo o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA). O dado confirma expansão no principal período do calendário comercial, mas indica um Natal marcado por decisões de compra mais controladas.
A composição desse crescimento mostra que o avanço não veio de um aumento amplo do consumo, mas de uma reorganização do gasto das famílias. O foco migrou para itens recorrentes e para o e-commerce, enquanto categorias tradicionais de presentes perderam espaço relativo.
Varejo no Natal: crescimento liderado pelo e-commerce
O desempenho do varejo no Natal foi sustentado, principalmente, pela expansão do comércio eletrônico, que avançou em ritmo bem superior ao das lojas físicas. Essa diferença ajuda a explicar por que o crescimento agregado ocorreu mesmo com cautela do consumidor.
Segundo o índice, o perfil das compras e meios de pagamento moldaram esse resultado:
- Canal digital: vendas on-line cresceram 10,2%, mesmo sobre base elevada
- Lojas físicas: avanço mais moderado, de 1,8%
- Valor médio das compras: ticket médio geral de R$ 107,81
- Perfil do consumidor:
- Homens responderam por 53,6% das transações, com maior presença física
- Mulheres concentraram 52,5% das compras on-line
- Formas de pagamento:
- Crédito parcelado teve baixo volume (5,9%), mas respondeu por 26,4% do faturamento, com ticket médio de R$ 484,51
- Pix representou 9,2% das vendas, com ticket médio de R$ 71,60
Esse conjunto reforça um padrão de consumo que combina conveniência digital com uso seletivo do crédito para compras de maior valor.
Deslocamento do consumo para itens essenciais foi destaque no varejo natalino
Mesmo com crescimento no agregado, o varejo no Natal não foi impulsionado pelas categorias clássicas de presentes. O desempenho positivo veio, sobretudo, de setores ligados ao consumo essencial, que ganharam peso no orçamento das famílias.
Os números mostram como esse deslocamento ocorreu entre setores e macrossetores:
- Setores ligados a presentes: retração de 0,2% no conjunto
- Exceções positivas entre os presenteáveis:
- Cosméticos e higiene: +5,5%
- Óticas e joalherias: +2,1%
- Consumo essencial:
- Drogarias e farmácias lideraram, com crescimento de 10,3%
- Macrossetores:
- Bens Não Duráveis: +4,0%
- Serviços: +2,7%
- Bens Duráveis e Semiduráveis: -0,3%
- Ambiente digital:
- Não Duráveis cresceram 23,3%
- Duráveis e Semiduráveis recuaram 1,9%
Segundo Carlos Alves, vice-presidente de Negócios da Cielo, “o período foi marcado por um comportamento mais racional, com consumo sustentado principalmente pelos itens essenciais e pelo canal digital”.
Leitura do consumo de fim de ano no comércio
A leitura do índice do varejo no Natal em 2025 aponta para um consumo menos expansivo e mais orientado por controle financeiro. O avanço concentrado no e-commerce, o peso crescente dos itens essenciais e o uso pontual do crédito indicam um consumidor atento à renda disponível e ao custo das compras. Mesmo com crescimento em todas as regiões do país, o consumo de fim de ano reforça que datas sazonais seguem relevantes, mas já não operam como catalisadores automáticos de gasto, exigindo do varejo maior precisão na gestão de canais, mix e preços.











