A United compra participação na Azul após aprovação, sem restrições, do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), conforme despacho publicado no Diário Oficial da União em (31/12). Com isso, a decisão libera a entrada da companhia americana no capital da aérea brasileira como parte do processo de recuperação judicial conduzido nos Estados Unidos.
Segundo o Cade, a operação envolve a aquisição de uma participação minoritária do capital social da Azul pela United Airlines. Além disso, o parecer destaca que o negócio está inserido na reestruturação societária da empresa sob o Chapter 11, iniciado de forma voluntária em maio de 2025. Nesse caso, o foco recai sobre a redução do endividamento e o reforço de liquidez.
Nesse contexto, a United compra participação na Azul por meio de um aporte aproximado de US$ 100 milhões em ações ordinárias. Assim, os direitos econômicos da empresa americana passam de 2,02% para cerca de 8%, sem que haja alteração de controle, ponto considerado central na análise concorrencial do órgão.
United compra participação na Azul e o plano de capitalização
Quanto ao desenho da transação, o modelo aprovado pelo Cade prevê duas emissões coordenadas. De um lado, está uma oferta pública de ações no valor de US$ 650 milhões, já autorizada pela Justiça dos Estados Unidos. De outro, há um aumento de capital direcionado a parceiros estratégicos, entre eles a United Airlines.
Essa estrutura permite à Azul captar recursos novos enquanto, ao mesmo tempo, avança na conversão de parte relevante de sua dívida em ações. Dessa forma, o plano busca dar fôlego financeiro à companhia em um cenário marcado por custos elevados e ajustes operacionais no setor aéreo.
No início de dezembro, a Justiça americana homologou o plano de recuperação judicial. Em seguida, poucos dias depois, o conselho de administração da Azul convocou assembleias para 12 de janeiro de 2026. Nessas reuniões, os acionistas devem deliberar sobre mudanças profundas na estrutura de capital.
United compra participação na Azul e a reorganização acionária
Entre as propostas em discussão, está o encerramento das ações preferenciais e a transformação integral do capital em ações ordinárias. Nesse sentido, a administração da Azul propôs que cada ação preferencial (AZUL4) seja convertida em 75 ações ordinárias (AZUL3), proporção definida com base na relação econômica entre os papéis, segundo comunicado ao mercado.
Para que a proposta avance, será necessário o aval separado de acionistas preferenciais e ordinários. Com isso, a mudança altera direitos de voto e de dividendos e, ao mesmo tempo, simplifica a governança da companhia.
Investimento da United e o efeito no setor aéreo
Ao confirmar que a United compra participação na Azul, o Cade avaliou que a operação não altera a estrutura competitiva do mercado aéreo brasileiro. A participação é minoritária e, portanto, não confere poder de decisão à investidora. Ainda assim, o aporte reforça o caixa da Azul em um momento sensível e, adicionalmente, insere um parceiro internacional de peso em sua reestruturação, com reflexos relevantes para credores e acionistas nos próximos meses.











