O setor de saúde passa por um momento crítico após três anos de pandemia, com investidores se afastando e usuários de convênios médicos sofrendo com descredenciamentos e burocracia. A procura por ações das empresas do setor sofreu uma queda acentuada, enquanto a insatisfação dos usuários de planos de saúde aumenta, conforme evidenciado pelo ranking de reclamações e atendimentos registrados no Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
De acordo com Jonas Garted, especialista em gestão hospitalar, muitas grandes empresas estão apenas “ganhando tempo” ao buscar interessados para a venda de suas operações. Grupos que realizaram aquisições milionárias em 2020 agora estão vendendo imóveis, renegociando dívidas e recorrendo a acionistas controladores para injetar dinheiro e reduzir a alavancagem do negócio.
Com ações em baixa, algumas companhias tornam-se alvos de aquisição, enquanto empresas menores optam por abandonar o setor.
A crise afeta desde operadoras até hospitais e laboratórios, mesmo com o aumento de 3,3 milhões de pessoas com convênio médico desde o início da pandemia. As operadoras, com desempenho no vermelho, pressionam hospitais, que, por sua vez, pressionam fabricantes e distribuidores de materiais e medicamentos, criando um efeito cascata negativo.
Modelo de Negócio
Diante deste cenário, especialistas defendem a necessidade de repensar o setor e buscar soluções sustentáveis a longo prazo para garantir qualidade e acesso à saúde para todos. Maior transparência, regulação do mercado e investimentos em inovação e tecnologia são apontados como possíveis soluções para reverter a situação e restaurar a confiança de investidores e usuários de convênios médicos.
Reclamações
Pela segunda vez consecutiva, os planos de saúde lideram o ranking de reclamações do Idec, com 27,9% das queixas em 2022 referentes a empresas de planos de saúde. Nos últimos dez anos, os planos de saúde lideraram o ranking nove vezes.
As principais queixas aos planos de saúde em 2022 foram dúvidas e reclamações sobre contratos (27,4%), seguidas por falta de informação (18,1%) e reajustes (13,7%). Já os serviços financeiros ocuparam o segundo lugar no ranking, respondendo por 21,2% dos registros, com reclamações relacionadas à segurança das transações bancárias e golpes (20,1%), e cláusulas contratuais (11,4%).