Após semanas de negociações tensas, a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou na quarta-feira (31) um projeto de lei crucial para aumentar o teto da dívida do país, evitando assim um calote que teria repercussões globais e que estava previsto para ocorrer na próxima semana.
O projeto aprovado elimina o atual teto da dívida de US$ 31,4 trilhões (R$ 156,8 trilhões) por um período de dois anos, proporcionando um alívio ao presidente Joe Biden, que não precisará lidar com essa questão novamente no próximo ano, em meio à campanha para a reeleição.
Além disso, o projeto mantém os gastos não militares no mesmo patamar para o ano fiscal de 2024 (de outubro deste ano a setembro do próximo) e limita o aumento das despesas em 1% no ano fiscal de 2025, independentemente da inflação nesse período. No entanto, os gastos militares poderão crescer acima desse limite nos próximos dois anos.
Entre as concessões do governo, estão o fim do congelamento da dívida do débito estudantil, o aumento dos requerimentos para programas de assistência social, como auxílio alimentação, e o reembolso pelo governo dos fundos destinados ao combate à Covid-19 que não foram utilizados.
Segundo o Escritório do Orçamento do Congresso (CBO, na sigla em inglês), a nova lei irá reduzir os gastos federais em US$ 1,5 trilhão (R$ 7,6 trilhões) na próxima década.
A proposta agora será enviada ao Senado, onde espera-se que seja aprovada de forma mais rápida, uma vez que os democratas possuem a maioria dos votos na Casa. O governo Biden tem a expectativa de que o projeto seja aprovado até a próxima segunda-feira (5), data limite estipulada pelo Departamento do Tesouro para evitar um calote do governo.
As concessões feitas pelo governo refletem a oposição da maioria republicana na Câmara, liderada por Kevin McCarthy, que tem pressionado o governo Biden para reduzir os gastos públicos. A falta de uma solução nas últimas semanas causou preocupação nos mercados financeiros, levando os Estados Unidos a pagar taxas de juros recordes em algumas vendas de títulos. Um possível calote resultaria em uma queda de até 45% nas bolsas americanas, de acordo com a Casa Branca, e poderia provocar uma recessão imediata.
Somente no último sábado, a presidência da Câmara e a Casa Branca chegaram a um acordo que foi votado nesta quarta-feira. No entanto, o projeto enfrentou resistência tanto de republicanos quanto de democratas até o último momento.