O Starbucks é muito mais que uma cafeteria, é um “banco” inovador – Por João Kepler Braga

Certamente você conhece o Starbucks como uma  cafeteria, seja pelo café ou produtos complementares, seja pelas experiências que eles fornecem nas lojas.

 O Starbucks é de fato uma das marcas mais reconhecidas no mercado global, seduzindo apaixonados por café de todos os cantos. Mas e se eu lhe disser que, sob o aroma encantador do café, se esconde um grande banco digital?

Isso mesmo! Não estou falando de bancos com grandes estruturas físicas, mas um neobank, um “banco” no contexto mais moderno e digital da palavra.

A história de sucesso do Starbucks é famosa. Em 2022, com incríveis 33.833 lojas em 80 países, 402.000 funcionários e receitas astronômicas de 32,25 bilhões de dólares, consolidando-se como a maior rede de cafeterias do mundo. Mas, na era digital, o sucesso não se mede apenas pelo café que você serve, mas também por como você o vende e pelo relacionamento que mantém com seus clientes.

Uma jogada magistral da Starbucks foi o lançamento de seu Programa Starbucks Rewards em 2008. Este não era apenas mais um programa de fidelidade; foi uma revolução na forma como as empresas se relacionavam com seus clientes. Tudo começa com o Programa de Recompensas Starbucks. Cada vez que alguém faz uma compra através do aplicativo Starbucks, recebe uma recompensa na forma de “estrelas”. Estas podem ser acumuladas e trocadas por recompensas, como cafés gratuitos. Embora qualquer forma de pagamento garanta estrelas, ao pré-carregar dinheiro em sua conta Starbucks, o cliente recebe o dobro da recompensa.

Com 27,4 milhões de membros ativos só nos EUA, atrairam seus clientes para depositarem dinheiro em uma conta digital, incentivando-os a fazer isso por meio dessas recompensas, descontos e estrelas que poderiam ser trocados por produtos. E sabe o que é genial por trás disso? Ao fazer isso, a Starbucks efetivamente detinha 1,7 bilhões de dólares em depósitos de seus clientes.

Mas, não pense que essa operação inteligente de negócios é onde a história termina. Aqui está o truque: enquanto os bancos tradicionais pegam seus depósitos, emprestam e dividem os juros entre eles e seus clientes, a Starbucks segue um modelo diferente. Ela mantém os depósitos, aproveita o dinheiro que os clientes depositam, mas esquecem de gastar, e investe em empreendimentos de curto prazo. Em 2022, cerca de 196 milhões de dólares foram investidos, registrados como receita. Eles também geraram uma receita adicional de 85 milhões de dólares investindo fundos de clientes.

Então, o que torna o Starbucks realmente especial? Além de ser uma marca globalmente amada, ela opera em um quinto nível de consciência empresarial. Ela não é apenas uma empresa; é um Ecossistema; Desenvolvendo a comunidade e oferecendo uma variedade de benefícios e serviços digitais, criando um relacionamento mais profundo com seus consumidores.

O que é claro é que a estratégia de se tornar um neobanco está definitivamente rendendo bons frutos para a Starbucks.

Na próxima vez que você for ao Starbucks, lembre que você não está apenas entrando em uma cafeteria; está entrando em uma Fintech, ou uma das instituições financeiras mais inovadoras do mundo. E, enquanto você saboreia seu café, pondere sobre essa intrigante metamorfose do mundo dos negócios onde as cafeterias ou qualquer negócio agora podem, muito bem, ser muito mais que seu core Business.

*Opinião – Artigo Por João Kepler Braga, escritor, educador, anjo-investidor e conferencista. Especialista na relação empreendedor-investidor, foi premiado por 4x como o Melhor Anjo-Investidor do Brasil pelo Startup Awards. CEO da Bossanova Investimentos, que realizou mais de 1.500 investimentos em startups nos últimos 7 anos, Conselheiro de Empresas e entidades e Autor de 9 livros.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal.