No mês passado, a FAO revelou que os preços globais dos alimentos experimentaram uma queda significativa, atingindo o patamar mais baixo em 31 meses. Essa retração de 0,55% em comparação a setembro e 10,9% em relação a outubro de 2022 foi impulsionada pelas ofertas mais generosas do que o esperado de cereais em alguns países e pelo ritmo de moagem acelerado da safra de cana-de-açúcar no Brasil.
Os preços do açúcar, que haviam aumentado nos últimos meses, voltaram a cair em outubro, contribuindo significativamente para a queda geral dos preços dos alimentos. A commodity registrou uma queda de 2,2% em comparação a setembro, embora ainda permaneça 46,6% acima do valor registrado em outubro do ano passado. O Brasil desempenhou um papel crucial nessa queda, com uma produção robusta de açúcar, apesar do impacto negativo das chuvas na moagem de cana-de-açúcar na primeira metade do mês. O enfraquecimento do real frente ao dólar e a redução dos preços do etanol também influenciaram as cotações mundiais do açúcar, conforme apontado no relatório da FAO.
Apesar da queda, a FAO ainda expressa preocupação com a oferta restrita de açúcar para o ciclo 2023/24. Atrasos nos embarques brasileiros de açúcar, devido a restrições logísticas, e as condições da safra de cana na Índia geram incertezas sobre o volume disponível para o mercado.
Os cereais também contribuíram para a queda dos preços dos alimentos em outubro, com uma redução média de 1,1% em comparação a setembro. Os preços internacionais do trigo caíram 1,9% devido à maior disponibilidade do cereal nos Estados Unidos e ao aumento da concorrência entre os exportadores. O milho exerceu pressão sobre os preços dos cereais, principalmente devido à quebra de safra na Argentina. No entanto, o avanço da colheita nos Estados Unidos e o aumento das exportações do Brasil amenizaram essa pressão.
A queda internacional dos preços dos alimentos só não foi mais intensa devido aos lácteos, que viram uma alta de 2,2% em comparação a setembro. Importadores asiáticos aumentaram a demanda por leite em pó, enquanto a escassez de oferta na Europa e incertezas sobre o impacto das condições climáticas do El Niño na produção de leite na Oceania pressionaram os preços para cima.
A manteiga também teve aumento de preços devido às vendas antes das férias de inverno na Europa Ocidental e à maior procura de importações do Nordeste Asiático. Por outro lado, os preços internacionais do queijo caíram ligeiramente, influenciados pelo enfraquecimento contínuo do euro em relação ao dólar dos Estados Unidos e pelo aumento das disponibilidades exportáveis na Oceânia, como destacado pela FAO em seu relatório.