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Geração Z redescobre o cinema nacional no TikTok

Tiktok revela uma nova era de apreciação por filmes nacionais

Geração Z redescobre o cinema
O filme Bingo: O Rei das Manhãs é um exemplo de filme nacional que teve "edits" viralizados nas redes sociais (Foto: Divulgação).
Geração Z redescobre o cinema
O filme Bingo: O Rei das Manhãs é um exemplo de filme nacional que teve "edits" viralizados nas redes sociais (Foto: Divulgação).

O cinema brasileiro está alcançando cada vez mais a Geração Z graças a uma tendência emergente nas redes sociais: os edits. Essas montagens, feitas a partir de cortes rápidos de produções nacionais e enriquecidas com músicas pop ou diálogos icônicos, estão mudando a percepção sobre os filmes nacionais. No TikTok, tags como #cinemabrasileiro e #cinemanacional acumulam milhões de visualizações através de mais de 20 mil publicações.

Edits na percepção do cinema brasileiro

Esse fenômeno digital não apenas introduziu clássicos nacionais a novos públicos mas também reacendeu o interesse pelas produções cinematográficas brasileiras. Figuras renomadas do meio, como a atriz Fernanda Torres, reconhecem o potencial dos edits em gerar curiosidade. Apesar disso, questiona-se a profundidade do impacto na audiência dos filmes completos. De acordo com a atriz, não há certeza se essas pessoas que engajam os edits chegam a assistir os filmes.

Contrariamente, o diretor Daniel Rezende viu um aumento no engajamento com seu filme “Bingo: O rei das manhãs” após um edit se tornar viral, sugerindo que estes vídeos curtos podem efetivamente direcionar as pessoas a assistirem os filmes inteiros. Rezende ficou surpreso ao constatar que um edit de seu filme, divulgado em dezembro, ultrapassou a marca de 15 milhões de visualizações na plataforma X.

Ele conta em entrevista ao O Globo que o que mais o impressionou foi a repercussão, não apenas no Twitter, mas no Letterboxd, um espaço onde cinéfilos registram e comentam sobre os filmes que assistiram. Já que este sim, oferece um panorama mais acurado da situação, visto que a quantidade de comentários sobre o filme duplicou recentemente.

Rezende relembra que o lançamento de “Bingo” nos cinemas, em 2017, atraiu um público de 261 mil espectadores, permanecendo em obscuridade por cinco anos antes de ser disponibilizado em plataformas de streaming, como a HBO Max.

A viralização e o efeito na audiência

O sucesso dos edits transcende o cinema nacional, impactando também séries e novelas. Plataformas como Globoplay reportam aumentos na audiência de clássicos como “Hilda Furacão”, graças à viralização de cenas nas redes sociais. Além disso, uma pesquisa encomendada pelo TikTok revela que 40% dos usuários afirmam terem descoberto novos filmes ou séries através da rede.

Além de ampliar o alcance de produções nacionais, o fenômeno dos edits revela a adaptação dos conteúdos ao formato digital, onde vídeos curtos dominam a preferência dos usuários. Apesar disso, esta nova forma de consumo desafia também os direitos autorais. Criadores de conteúdo encontram maneiras de compartilhar filmes e séries, muitas vezes na íntegra, cortados em vários vídeos, sem infringir regras de direitos autorais das redes sociais. Para isso, muitos utilizam molduras e sobreposições de vídeos.

Porém, olhando pelo lado bom do fenômeno, muitas iniciativas de canais de televisão e plataformas de streaming aproveitam-se a essa realidade. O Canal Brasil, por exemplo, investe em conteúdos adaptados às redes para atrair a atenção do público jovem nos filmes nacionais exibidos na programação.

Este engajamento tem se refletido fora do ambiente digital, com instituições como a Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio notando um rejuvenescimento do público interessado em cinema brasileiro. A dinâmica entre a cultura digital e a tradicional destaca uma renovação do interesse pelas artes nacionais. Dessa forma, a Geração Z, com sua propensão a explorar novas formas de entretenimento, está no centro dessa transformação cultural.

M Dias Branco conteúdo patrocinado