A taxa Selic cai, mas juros altos em empréstimos permanecem uma realidade para os consumidores brasileiros. Após cinco cortes seguidos iniciados em agosto de 2023, a Selic atingiu 11,25% ao ano. Contudo, um levantamento da Fundação Procon de São Paulo mostra que as taxas de financiamento ao consumidor seguem praticamente inalteradas.
Em fevereiro, a taxa média de empréstimo pessoal nos seis maiores bancos do país foi de 7,94% ao mês. Isso representa uma diminuição ínfima de 0,01 ponto percentual em relação a janeiro. Em termos anuais, essa taxa corresponde a um juro de 150%.
A persistência dos juros altos ao consumidor evidencia uma discrepância entre a política monetária e as taxas cobradas dos consumidores. Enquanto apenas dois dos bancos pesquisados — Itaú e Bradesco — reduziram levemente suas taxas de empréstimo pessoal, o resto manteve as taxas de janeiro para fevereiro.
O cheque especial também reflete essa estagnação, com uma taxa média de 7,96% ao mês, mantida desde fevereiro de 2021. A política do Banco Central limita os juros desta modalidade a 8% ao mês, mas apenas o Banco do Brasil apresentou uma taxa ligeiramente inferior, com os demais bancos atingindo o limite máximo.
Especialistas como Marcela Kawauti, da gestora de recursos Lifetime Asset, apontam a inadimplência elevada como um dos motivos para a rigidez das taxas. Os bancos compensam o risco de calote, que permanece alto em linhas de crédito sem garantias reais, mantendo os juros elevados para os consumidores.
Isso sugere que, apesar da queda da taxa Selic, os consumidores ainda enfrentam desafios significativos com as taxas de juros elevadas, especialmente em produtos de crédito de maior risco, como o empréstimo pessoal e o cheque especial.
