O Brasil enfrenta um aumento preocupante nos casos de dengue, registrando quase 1 milhão de suspeitas e 195 mortes este ano, conforme informações do Ministério da Saúde. Diante da escassez de vacinas, a população recorre aos repelentes como medida preventiva contra dengue, gerando um crescimento nas vendas desses produtos. Especificamente, as farmácias viram um aumento de 26,4% em volume e 45,5% em receita na comparação anual, segundo dados da empresa Linx.
No entanto, os principais fabricantes de repelentes estão preocupados com a possível falta de produtos nos pontos de venda. Isso ocorre devido à dependência de matérias-primas importadas, cuja entrega pode levar de 30 a 150 dias. Os repelentes são formulados a partir de três ativos principais – icaridina, deet e IR 3535 – todos importados.
O presidente da Henlau Química, Norberto Luiz Afonso destaca a preferência dos consumidores pela icaridina, notando um aumento de 300% nas vendas. Apesar de esforços para acelerar a importação, enfrenta atrasos. Com a produção aumentada para dois turnos, a Henlau ainda sofre com a falta de embalagens e limitações na encomenda de matérias-primas.
A SC Johnson, fabricante das marcas Off! e Exposis, intensificou a produção para três turnos, evidenciando a contínua demanda pelos produtos. A Cimed, por sua vez, destaca a dificuldade em atender à demanda crescente, principalmente devido aos desafios na importação do deet dos Estados Unidos.
A Reckitt e a Viveo também ajustaram suas linhas de produção em resposta ao aumento da demanda. A Reckitt concentra esforços em ações comunitárias de prevenção contra a dengue, enquanto a Viveo planeja expandir a distribuição de seus lenços umedecidos repelentes.
O aumento nos preços dos repelentes, que chegou a 15,78% em média, reflete os desafios enfrentados pelos fabricantes, desde o transporte até a contratação adicional de pessoal. A Linx compara a situação atual com a vivenciada pelo álcool em gel no início da pandemia de Covid-19, destacando a necessidade de revisão na produção frente à alta demanda e aos atrasos na importação de matérias-primas.