A Toyota Motor concordou em conceder o maior aumento salarial dos últimos 25 anos aos seus funcionários de fábrica nesta quarta-feira (13). Este movimento da Toyota, juntamente com outras grandes corporações japonesas como Panasonic, Nippon Steel e Nissan, atendendo às demandas sindicais por maiores salários, sinaliza uma potencial mudança na política monetária do Banco Central do Japão (BC).
Este ano, as negociações salariais ganharam atenção especial devido à expectativa de que reajustes nos salários possam facilitar a transição do BC japonês para encerrar sua longa prática de juros negativos. A expectativa é que esta mudança de política possa ser anunciada já na próxima reunião do banco, prevista para os dias 18 e 19 de março.
O acordo da Toyota inclui um aumento salarial mensal de até 28.440 ienes (193 dólares) e bônus recordes, seguindo a tradição da empresa de não especificar o aumento em termos percentuais. Yoshimasa Hayashi, principal porta-voz do governo do Japão, enfatizou a importância de tais aumentos se espalharem também para as pequenas e médias empresas, que são vitais para a economia.
O presidente do BC japonês, Kazuo Ueda, destacou a importância destas negociações para as futuras decisões de política monetária. Com a economia japonesa lutando contra a estagnação há anos, o banco manteve uma política de estímulos e juros baixíssimos, divergindo de outras economias desenvolvidas. Os resultados dessas negociações são, portanto, fundamentais para determinar o momento certo para uma mudança.
O Rengo, maior sindicato do Japão, reportou que os trabalhadores pediram um aumento de 5,85%, o que seria o maior em 31 anos se confirmado. Em uma nota positiva para a economia mais ampla, a Associação Japonesa de Trabalhadores de Metal, Máquinas e Manufatura (JAM) informou que os aumentos salariais excederam as expectativas.
Katahiro Yasukochi, presidente da JAM, e Akihiro Kaneko, presidente do Conselho Japonês de Sindicatos dos Metalúrgicos, expressaram otimismo de que estes resultados possam iniciar um ciclo positivo de salários mais altos e inflação. Este efeito cascata é vital, pois as pequenas empresas, responsáveis por empregar sete em cada dez trabalhadores no Japão, lutam para oferecer aumentos devido à dificuldade de repassar custos aos consumidores.
A Toyota, pressionada pelo governo, espera que seus aumentos salariais se estendam por toda a cadeia de suprimentos, contribuindo para reverter a tendência de queda dos salários reais, ajustados pela inflação, que já dura 22 meses. Takanori Azuma, diretor de recursos humanos da Toyota, enfatizou a importância de solicitar que fornecedores de primeiro nível repassem os aumentos adiante, embora reconheça que cada empresa tomará suas próprias decisões salariais.