Conectividade rural ainda é desafio para o agronegócio brasileiro

Em meio aos avanços tecnológicos que impulsionam a agricultura moderna, o acesso à internet no campo emerge como um fator crítico para o uso eficaz de maquinário agrícola avançado. Sensores, câmeras e a capacidade de ajuste remoto são recursos que dependem da conectividade para operar plenamente, tornando a internet uma ferramenta indispensável no campo.

Cobertura atual e desafios da conectividade

No Brasil, menos de um quarto do espaço agrícola tem algum nível de cobertura de internet, revela uma pesquisa do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), e apenas 15% dispõem de banda larga móvel, conforme dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) de 2021. A conectividade frequentemente se limita à sede das propriedades, dificultando o alcance integral das tecnologias disponíveis.

Acesso à internet no campo: projetos legislativos e expansão da rede

Em resposta a essas limitações, o senador Jayme Campos (União-MT) propôs, no início de abril, uma Política Nacional de Conectividade no Campo. Esta política visa estabelecer diretrizes para expandir o acesso à tecnologia digital no agronegócio e nas escolas rurais. “O acesso à internet no campo é um dos principais desafios para o agronegócio brasileiro“, destacou Campos, citando que mais de 70% das propriedades rurais no Brasil estão desconectadas.

Iniciativas para aumentar a cobertura

O último leilão do 5G determinou que as operadoras de telecomunicações devem oferecer tecnologia 4G, ou superior, a 6.805 localidades rurais até 2028, e cobertura 5G até 2030 para outras 1.700 localidades. Hermano Tercius, secretário de Telecomunicações, mencionou que continuam sendo avaliadas medidas para atender às localidades que ficaram fora desses planos.

Impacto econômico da conectividade ampliada

Um estudo do Mapa sugere que aumentar a cobertura da internet no campo para 48% poderia elevar o Valor Bruto de Produção (VBP) do agronegócio brasileiro em 4,5%. Se a cobertura alcançasse 90%, o aumento esperado no VBP seria de 9,6%, o que representa um potencial significativo para o setor.

Contribuições das operadoras de telecomunicações

Operadoras como a TIM e a Vivo estão expandindo a oferta de sinal no campo. A TIM, por exemplo, cobre 16 milhões de hectares com 4G e espera aumentar essa cobertura para 20 milhões de hectares. A Vivo, utilizando tecnologias como NB-IoT, busca melhorar a eficiência em aplicações estacionárias e móveis no ambiente agrícola.

Diferença na experiência de internet entre zonas urbanas e rurais

Um relatório da Opensignal, publicado em 2023, apontou que há uma disparidade significativa na experiência de internet móvel entre zonas urbanas e rurais. Enquanto usuários urbanos ficam conectados a redes 4G ou 5G 81,7% do tempo, essa taxa cai para 64,2% em comunidades rurais. Além disso, a experiência de streaming de vídeo também é inferior nas zonas rurais.