O governo de Hong Kong está em fase de testes com uma ferramenta de inteligência artificial similar ao ChatGPT, desenvolvida para aumentar a eficiência dos funcionários públicos. O “aplicativo copiloto de edição de documentos para funcionários públicos” visa disponibilizar funcionalidades avançadas de escrita e edição para toda a administração pública ainda este ano. Esta iniciativa surge em resposta às restrições de acesso ao ChatGPT na região, impostas pela OpenAI.
Desenvolvimento da ferramenta de IA em Hong Kong
O Secretário de Inovação, Tecnologia e Indústria de Hong Kong, Sun Dong, anunciou em um programa de rádio que o departamento está empenhado em testar e aprimorar a nova ferramenta de IA. Este projeto é uma colaboração entre a Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong e diversas outras instituições acadêmicas. O principal objetivo é aumentar a eficiência dos funcionários públicos através de funções de redação, tradução e resumo de documentos.
Sun destacou que, além das funções básicas de escrita, a ferramenta poderá futuramente incorporar funcionalidades de gráficos e design de vídeo, embora ainda não haja uma comparação direta com os recursos do ChatGPT. Segundo ele, tanto o governo quanto o setor privado terão papéis estabelecidos no desenvolvimento contínuo do modelo.
Desafios e estratégias
Um dos grandes desafios mencionados por Sun é a dificuldade de obter subsídios de gigantes da tecnologia como Microsoft e Google. Esta situação levou o governo de Hong Kong a assumir a responsabilidade pelo financiamento e desenvolvimento da ferramenta. A exclusão de Hong Kong e Macau da lista de “países e territórios com suporte” da OpenAI também motivou a criação de uma solução local.
A OpenAI anunciou que, a partir de 9 de julho, bloquearia conexões de regiões não suportadas, incluindo Hong Kong. Essa decisão acentuou a necessidade de uma alternativa doméstica.
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Comparações e expectativas
Francis Fong, presidente honorário da Federação de Tecnologia da Informação de Hong Kong, expressou que, embora seja incerto se a nova ferramenta alcançará o nível do ChatGPT, há um potencial para que ela se aproxime dos padrões tecnológicos internacionais. Fong acredita que a colaboração com empresas locais de IA será fundamental para atingir essa meta.
Ele também mencionou que um programa desenvolvido localmente poderia lidar melhor com as nuances linguísticas e culturais de Hong Kong, mas alertou sobre a possível necessidade de conformidade política no produto final.
Contexto global e local
A China, incluindo Hong Kong, está em uma corrida com os Estados Unidos pela liderança em inteligência artificial. Pequim estabeleceu a meta de se tornar o líder global em IA até 2030. Entretanto, o firewall chinês limita o acesso a muitas ferramentas estrangeiras, incluindo o ChatGPT, forçando desenvolvedores locais a criar alternativas que obedecem às rígidas regras de censura chinesas.
Gigantes tecnológicos chineses como Alibaba e Baidu já lançaram modelos de IA semelhantes ao ChatGPT, porém focados no idioma mandarim. Em contraste, a nova ferramenta de Hong Kong está sendo adaptada para atender às necessidades linguísticas locais, com suporte ao cantonês.