A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) renovou recentemente o direito de exclusividade nas negociações para a compra da InterCement, a terceira maior produtora de cimento do Brasil. Controlada pela Mover (antiga Camargo Corrêa), a InterCement é um ativo estratégico que inclui operações tanto no Brasil quanto na Argentina. O prazo anterior de exclusividade, que havia expirado em 12 de julho, foi estendido até 12 de agosto.
Compra da InterCement: contexto financeiro e proteção contra credores
Este novo prazo surge em um momento crítico para a InterCement, que recentemente garantiu uma proteção contra credores por 60 dias. Este tipo de proteção é geralmente um precursor para um pedido de recuperação judicial (RJ) ou extrajudicial. Mesmo com essa situação financeira delicada, a CSN mantém o interesse na aquisição, independentemente de um eventual processo de recuperação judicial.
Leia também:
Estratégia da CSN e proposta de aquisição
A CSN acredita que o momento atual favorece a definição de um preço mais vantajoso para a compra, uma vez que a InterCement alega possuir R$ 11,7 bilhões em dívidas. A proposta inicial da CSN é de R$ 10 bilhões, incluindo a assunção de parte das dívidas da InterCement com o Bradesco. No entanto, a Mover busca um valor mais elevado devido ao robusto portfólio de ativos da InterCement.
Due diligence e potenciais benefícios
Antes de qualquer finalização, a CSN realizará um processo de due diligence para avaliar detalhadamente as condições financeiras da InterCement. A recuperação judicial, se ocorrer, permitiria negociar diretamente com os credores, estabelecendo um preço mais “limpo” para os ativos da empresa. Isso poderia facilitar a compra e evitar a transferência direta de passivos, o que geralmente complica esse tipo de negociação.
Situação atual das dívidas
A InterCement enfrenta um vencimento iminente de aproximadamente R$ 3 bilhões em dívidas internacionais. Para lidar com isso, a empresa iniciou um processo de mediação na Câmara Especial de Resolução de Conflitos em Reestruturação de Empresas (CamCMR). Esta medida visa renegociar os termos com os principais credores financeiros, mantendo ao mesmo tempo suas operações regulares com fornecedores e clientes.
Influência dos bancos brasileiros
Uma porção da dívida da InterCement, cerca de R$ 4,7 bilhões, está nas mãos de grandes bancos brasileiros como Bradesco, Itaú e Banco do Brasil. Esses bancos terão um papel importante nas decisões sobre o futuro da empresa, seja em um processo de venda para a CSN, seja em um plano de recuperação judicial ou extrajudicial.
Impactos no mercado e próximos passos
A renovação da exclusividade até 12 de agosto permite que as negociações continuem de forma concentrada e sem interferências de outros potenciais compradores. A CSN reiterou seu interesse, mas destacou que, até o momento, não há documentos vinculantes que obriguem qualquer das partes a concluir a transação. A continuidade dessas negociações é observada de perto pelo mercado, considerando especialmente o potencial impacto na estrutura de mercado de cimentos no Brasil e na Argentina.