Lisabeth Sander, herdeira da gigante de celulose Suzano, enfrenta um turbilhão de acusações e investigações. A trama de fraude fiscal e uso de laranjas remonta ao início dos anos 2000, quando denúncias começaram a surgir contra a maior fabricante de celulose do mundo.
Lisabeth,72, herdou as ações da Suzano após a morte de sua mãe, e rapidamente se tornou uma bilionária, entrando para a lista dos 100 mais ricos do Brasil pela Forbes em 2022. No entanto, sua trajetória começou a desmoronar quando a professora aposentada Sonia Regina Guimarães, 68, revelou irregularidades na Mercante de Papéis, uma empresa ligada ao império Feffer, ao qual a Suzano pertence.
As primeiras denúncias
Sonia Guimarães denunciou a Receita Federal sobre uma dívida tributária de aproximadamente R$1,5 milhões da Mercante de Papéis, a qual era listada como sócia sem seu conhecimento. Em 2002, Guimarães fez um boletim de ocorrência alegando que seu nome havia sido usado sem permissão para constituir a sociedade comercial.
Em 2004, uma administradora de empresas também foi à polícia após descobrir que a Mercante estava em seu nome. O uso de laranjas se estendeu para outros casos que foram desmentidos pelos próprios “sócios” que afirmaram em juízo, não ter vínculo com a empresa.
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A Nova Mercante e a recuperação judicial
Após a desintegração da sociedade na Mercante de Papéis, Lisabeth Sander fundou a Nova Mercante em 2006, uma reedição da antiga empresa. Em 2010, a Nova Mercante foi vendida a Antonio Puchinelli. Apesar das intenções de regularizar as dívidas, a empresa pediu recuperação judicial em 2013 com débitos de R$ 77 milhões. A falência da Nova Mercante veio logo em seguida.
Puchinelli alegou que Lisabeth não apenas deixou dívidas não quitadas, como também continuou a contrair novas obrigações na Nova Mercante. Documentos encontrados por Puchinelli mostram conversas entre Sander e sua advogada discutindo estratégias para minimizar o impacto das investigações sobre os laranjas.
Acusações e Sentenças
Lisabeth Sander foi denunciada pelo Ministério Público Federal por sonegação fiscal de R$ 9 milhões referentes ao ano de 2008. Ela foi condenada a três anos de prisão em regime aberto e recorreu da decisão. Em contrapartida, Antonio Puchinelli enfrenta duas ações movidas pelo Ministério Público de São Paulo por suposta sonegação de impostos, ainda pendentes de julgamento.
A defesa de Lisabeth afirma que as investigações sobre os laranjas foram resolvidas e que ela não enfrenta nenhuma ordem de prisão, permanecendo em liberdade.