O Grupo Boticário, uma das maiores empresas de cosméticos do Brasil, está se preparando para uma fase de crescimento significativa com uma série de investimentos estratégicos. A companhia anunciou recentemente um aporte total de R$ 3,4 bilhões, marcando um recorde em seus investimentos anuais. Este valor, somado aos R$ 800 milhões já investidos em 2021 na ampliação e automação da fábrica em Camaçari, na Bahia, eleva o total de investimentos do grupo no período de 2021 a 2024 para impressionantes R$ 4,1 bilhões. Além disso, a empresa também alocou cerca de R$ 500 milhões para seus centros de distribuição espalhados pelo país.
Nova fábrica em Pouso Alegre
Nesta quinta-feira, 8, o Grupo Boticário anunciou a construção de sua quarta fábrica, que será erguida em Pouso Alegre, no sul de Minas Gerais. Com um investimento de R$ 1,8 bilhão, a nova unidade terá a responsabilidade de atender a todo o portfólio da companhia, incluindo marcas renomadas como O Boticário, Vult!, Quem Disse, Berenice? e Eudora. A nova planta está prevista para iniciar operações em 2028 e deverá aumentar em 50% a capacidade de produção do grupo, além de criar 800 empregos diretos.
Segundo Artur Grynbaum, vice-presidente do conselho do grupo, a localização da nova fábrica foi estrategicamente para estar mais próxima dos principais mercados da empresa no Brasil. “Ela vai dar conta dos planos futuros, mas principalmente nos deixar num ponto central e ainda mais perto dos consumidores”, afirma Grynbaum, que foi CEO do grupo até 2021.
Expansão da infraestrutura e melhoria das operações
Além da nova fábrica, o Grupo Boticário destinará R$ 700 milhões para expandir sua malha logística em todo o território nacional. Outros R$ 840 milhões serão investidos na unidade paranaense em São José dos Pinhais, visando ampliar a capacidade das linhas de produção em até 40%.
A expansão reflete a crescente demanda e o desejo do grupo de consolidar sua presença no mercado interno, que representa a maior parte das vendas. Embora o mercado externo esteja em crescimento, ainda não tem a mesma relevância que o mercado nacional. A recente aquisição da Truss permite ao grupo expandir sua presença internacional, com planos de incluir de 15 a 20 novos parceiros internacionais nos próximos dois anos.
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Impacto e perspectivas futuras
Após um impacto inicial nas vendas devido à pandemia, a empresa experimentou um crescimento notável de 70% de 2021 a 2023, alcançando um total de vendas de R$ 30,8 bilhões. Esse crescimento inclui um aumento de 30,5% apenas no último ano.
O objetivo principal dos investimentos recentes é atender à demanda crescente do mercado interno, que continua a ser o foco principal da companhia. “Queremos fazer tudo com o pé no chão. Bem ou mal, já conhecemos muito bem o mercado brasileiro. Nossa agenda hoje tem oportunidades mais palpáveis internamente. Mas somos ambidestros”, explica Grynbaum.
Apesar das incertezas econômicas, o grupo continua a investir com uma visão de longo prazo. “Estamos há 47 anos aqui e queremos estar pelo menos mais 100 anos”, destaca Grynbaum, ressaltando a força e o potencial do mercado de beleza brasileiro, que é o quarto maior do mundo.
Estratégia de aquisições e desenvolvimento de marcas
O Grupo Boticário tem uma longa história de aquisições estratégicas, que começaram com a compra do e-commerce Beleza na Web em 2008 e se expandiram para incluir marcas como Vult, Dr. Jones e Truss. A empresa também está aberta a novas aquisições e ao desenvolvimento de novas marcas, como demonstrado com Quem Disse, Berenice?, Eudora e a O.U.I.
“Estamos com as antenas ligadas nas duas pontas. Se acharmos que tem coisas interessantes a desenvolver dentro de casa, vamos fazê-las, porque temos uma das áreas de P&D [pesquisa e desenvolvimento] mais modernas do mundo”, afirma Grynbaum. Embora o grupo esteja atento a oportunidades de aquisição, a empresa continua a investir em inovação e desenvolvimento interno. A visão estratégica do grupo, que busca equilibrar investimentos em expansão com a manutenção de uma forte presença no mercado.