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Agropecuário BX entra em RJ, e onda de recuperações judiciais deixam setor em alerta

(Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
(Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
(Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
(Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

A Agropecuário BX, uma empresa com sede em Paranatinga, no Mato Grosso, está enfrentando uma crise financeira que culminou no pedido de recuperação judicial. Com uma dívida acumulada de R$ 57,1 milhões, o processo já tramita na 4ª Vara Cível de Rondonópolis, onde a organização busca uma reestruturação para evitar a falência. Essa situação é apenas um reflexo de um cenário mais amplo. Nesse sentido, o agronegócio brasileiro está sofrendo pressões intensas devido a fatores econômicos e climáticos adversos.

Recuperação judicial no agronegócio: o da Agropecuário BX

Fundada em 2013, a Agropecuário BX foi afetada por uma combinação de fatores climáticos desfavoráveis e altos custos financeiros decorrentes de empréstimos ao longo dos anos. A empresa relatou que a dependência de crédito trouxe consigo a incidência de juros elevados, agravando sua situação financeira. Além disso, destaca-se a greve nacional dos transportes, o aumento exponencial dos preços dos combustíveis e a elevação das taxas de juros. As intempéries climáticas também marcaram a derrocada da empresa, como secas severas e chuvas excessivas que impactaram na produção.

Durante o período de 180 dias, a Agropecuário BX está protegida contra ações de cobrança, conforme estipulado pela recuperação judicial. Este período é crítico para que a empresa possa negociar com seus credores e tentar reestruturar suas finanças.

Credores e dívidas

A lista de credores da Agropecuário BX é extensa e inclui trabalhadores e instituições financeiras. A dívida trabalhista soma R$ 112.144,94, distribuída entre vários funcionários. No entanto, a maior parte da dívida da empresa está classificada como garantia real. Isso totaliza R$ 44,3 milhões, com credores como Banco CNH Industrial Capital S/A, Banco do Brasil, e Sicredi. Além disso, há também dívidas quirografárias, que somam cerca de R$ 12,7 milhões.

O setor agropecuário em crise

A crise da Agropecuário BX não é um caso isolado. O agronegócio brasileiro, que durante anos foi um dos pilares da economia nacional, está enfrentando um período de dificuldades. Os efeitos do El Niño, combinados com a inflação dos insumos, queda nos preços das commodities e taxas de juros elevadas, têm criado um cenário desafiador para o setor. Em 2024, espera-se um aumento no número de pedidos de recuperação judicial de empresas do setor.

Em maio, a Diamantino Advogados Associados publicou um levantamento sobre o assunto. Um dos destaques foi de que as dez maiores dívidas de empresas do setor que estão em recuperação judicial somam cerca de R$ 5 bilhões. Entre as justificativas para esses pedidos, destacam-se os impactos da pandemia de Covid-19, a guerra na Ucrânia e condições climáticas adversas.

Os maiores casos de recuperação judicial no agronegócio incluem a Sperafico Agroindustrial, com uma dívida de R$ 1,07 bilhão, e a Usina Maringá, que acumula R$ 1,02 bilhão em passivos. Outras empresas, como a Elisa Agro e a Usina Açucareira Ester, também enfrentam dívidas. Todas alegam fatores externos como a pandemia, a guerra na Ucrânia e problemas climáticos como causas para suas crises financeiras.

Perspectivas para o setor

Apesar das dificuldades, algumas empresas do agronegócio, especialmente as que estão listadas na bolsa de valores, como SLC Agrícola, BrasilAgro e 3tentos, conseguem manter uma situação financeira mais estável. No entanto, as empresas menores, que faturam até R$ 100 milhões por ano, enfrentam desafios maiores, especialmente no acesso ao crédito.