A Eletrobras, gigante do setor elétrico brasileiro, anunciou a conclusão de uma importante operação no mercado internacional, captando US$ 750 milhões em uma emissão de títulos de dívida, ou bonds. A operação, precificada na última quinta-feira (5), visa o refinanciamento de dívidas anteriores, conforme informado pela própria companhia. Esses recursos desempenham um papel na reestruturação financeira da empresa, uma vez que parte deles será utilizada para pagar antecipadamente empréstimos e notas comerciais.
Emissão de títulos da Eletrobras: destinação dos recursos
A principal finalidade da captação é o pagamento de outras dívidas, incluindo um empréstimo de R$ 4 bilhões contraído com um sindicato de bancos, além de notas comerciais no valor de R$ 2 bilhões. Essas operações, realizadas em junho de 2024, foram parte das medidas de financiamento que a Eletrobras adotou durante o processo de privatização. Além disso, a Moody’s, agência de classificação de risco, atribuiu a nota ‘Ba2’ aos bonds, reforçando a confiança no destino dos recursos para cobrir essas obrigações financeiras.
Demanda e participação dos bancos
A operação despertou um enorme interesse entre os investidores internacionais, gerando uma demanda quase quatro vezes maior que a oferta. A Eletrobras, contudo, optou por limitar a emissão ao montante de US$ 750 milhões, evitando custos maiores associados ao financiamento em dólar. A lista de bancos que atuaram na transação inclui nomes importantes como Citi, Bradesco BBI, Itaú BBA, Santander, UBS BB, BBVA, BNP Paribas, BTG e Scotiabank.
Condições da emissão e comparações
Os títulos emitidos têm vencimento para janeiro de 2035, com uma taxa de remuneração de 6,75% ao ano e cupom de 6,5% a.a., destacando-se como uma das menores taxas já pagas pela Eletrobras em operações desse porte. Esse valor ficou abaixo do intervalo inicialmente projetado, que variava entre 7% e 7,25%. A decisão de limitar a emissão também foi justificada pela empresa com base em seu fácil acesso a outros mercados, como o mercado local.
Comparativo com outras operações
Outras empresas brasileiras, como a Petrobras, também realizaram captações no mercado internacional recentemente. A Petrobras, por exemplo, levantou US$ 1 bilhão em uma emissão de bonds para financiar um programa de recompra de dívidas, com uma taxa de 6,25% ao ano. Ambas as operações reforçam a confiança dos investidores internacionais nos papéis de empresas brasileiras, especialmente em um momento de grande liquidez no mercado.
Perspectivas para o mercado de bonds brasileiros
Especialistas do mercado financeiro indicam que a janela de captações em setembro deve ser uma das mais movimentadas do ano para empresas brasileiras. Com a proximidade de eventos políticos, como as eleições americanas, muitas companhias estão antecipando suas operações para evitar a volatilidade típica desse período. O mercado também está atento aos dados econômicos dos Estados Unidos e às decisões de política monetária do Federal Reserve, previstas para os próximos dias, que podem influenciar novas emissões.