Resultados Hapvida e judicializações preocupam investidores

Quando a Hapvida (HAPV3) divulgou seus resultados do terceiro trimestre na terça-feira (12), os investidores ficaram extremamente preocupados com os números operacionais e com o aumento dos custos ligados a processos judiciais. Conforme publicado pelo portal Pipeline, esses fatores, presentes também em balanços anteriores, levaram a uma queda acentuada das ações da empresa no Ibovespa. No final do dia, as ações da Hapvida tinham desvalorizado 6,34%, cotadas a R$ 3,10, refletindo a preocupação do mercado em relação aos impactos financeiros dos resultados da Hapvida e com as judicializações.

Aumento nos depósitos judiciais e provisões para contingências da Hapvida

No terceiro trimestre, os depósitos judiciais da Hapvida, reservados para processos legais, chegaram a R$ 2,78 bilhões, um aumento de R$ 210 milhões em relação ao trimestre anterior. Esse crescimento aconteceu em virtude de uma mudança ocorrida em 2022, quando a lista de procedimentos cobertos pelos planos de saúde deixou de ser obrigatória e passou a ser apenas uma “referência“. Com isso, alguns procedimentos antes excluídos passaram a ser cobertos, o que elevou o número das disputas entre clientes e operadoras, incluindo a Hapvida.

Para lidar com esses novos desafios e melhores resultados, a empresa aumentou suas provisões para perdas potenciais, que chegaram a R$ 277 milhões (3,8% da receita), em comparação a R$ 130 milhões no trimestre anterior. Esse ajuste reflete a cautela da empresa diante das incertezas jurídicas, um ponto de atenção nos resultados da Hapvida e das judicializações.

Resultados financeiros e reação do mercado às judicializações da Hapvida

O aumento das provisões impactou diretamente os indicadores financeiros da Hapvida. O Ebitda ajustado (uma medida de lucro operacional) caiu para R$ 763 milhões no trimestre, uma redução de 20% em relação ao período anterior e 17% abaixo da projeção dos analistas do Goldman Sachs. O lucro líquido ajustado, que reflete o ganho após todas as deduções, foi de apenas R$ 324 milhões. O valor representa uma queda de 33% no trimestre e ficou 24% abaixo das projeções do BTG Pactual.

Analistas do BTG comentaram que, apesar de já preverem um aumento nas provisões, os valores finais “foram piores” que as expectativas do banco. Eles projetam que os depósitos judiciais da empresa devem crescer no próximo trimestre e consideram que as disputas judiciais devem continuar influenciando o desempenho das ações da Hapvida no curto prazo. Tudo isso indica a preocupação com os resultados financeiros da Hapvida e com as judicializações contabilizadas.

Pressões das despesas financeiras e administrativas nos resultados da Hapvida

Além dos custos judiciais, o aumento nas despesas financeiras também impactou os resultados da Hapvida. As despesas líquidas somaram R$ 261,7 milhões, 13% a mais que no trimestre anterior e 20% acima das previsões. A Hapvida atribui o aumento a três principais fatores: ajustes no passivo de ressarcimento ao SUS, que somaram R$ 9,6 milhões; reestruturação de dívida, impactando R$ 6 milhões; e alta nos descontos concedidos, totalizando R$ 3,3 milhões.

Segundo o Pipeline, o BB Investimentos também destacou uma redução na margem Ebitda ajustada da Hapvida, que caiu para 10,4%, 0,4 ponto percentual abaixo do ano passado, impactada pelo aumento nas despesas administrativas. Em contrapartida, a receita líquida da empresa cresceu 6,6% em comparação ao mesmo trimestre do ano anterior, alcançando R$ 7,3 bilhões. Esse avanço foi impulsionado tanto pelo aumento do valor médio pago pelos clientes quanto por uma gestão mais eficiente de sua base de beneficiários.

Os resultados apontam o desafio que a companhia tem enfrentado, se equilibrando entre questões financeiras e jurídicas. O mercado acompanha de perto os resultados da Hapvida e os desdobramentos de suas questões judiciais.