A recente decisão do Carrefour de interromper a compra de carnes dos países do Mercosul tem gerado reações no Brasil. A medida, anunciada pelo CEO do Grupo Carrefour, Alexandre Bompard, busca alinhar a rede varejista aos padrões exigidos pela União Europeia.
Em resposta, a Federação de Hotéis, Bares e Restaurantes do Estado de São Paulo (Fhoresp) divulgou uma nota convocando boicote ao Carrefour. Representando cerca de 502 mil empresas do setor, a entidade classificou a postura do Carrefour como protecionista, destacando que a decisão subestima a qualidade das carnes brasileiras.
Reações do setor público e privado
A medida foi amplamente criticada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que reforçou o compromisso da agropecuária brasileira com padrões de qualidade. Segundo o Mapa, o Brasil mantém relações comerciais com cerca de 160 países, incluindo os mercados mais exigentes da União Europeia.
Além disso, o Mapa destacou os esforços do Brasil em se adaptar ao Regulamento de Desmatamento da União Europeia (EUDR), adotando modelos de rastreabilidade que garantem maior transparência na cadeia produtiva.
A força do agronegócio brasileiro e o boicote ao Carrefour
A agropecuária é um dos pilares econômicos do Brasil, sendo responsável por 24% do PIB nacional em 2023. Entre os países do Mercosul, o Brasil lidera como maior exportador de carne bovina e de aves, abastecendo mercados na Ásia, Europa e América do Norte.
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) ressaltou que o Brasil não apenas segue padrões internacionais de qualidade, mas também é um dos principais responsáveis por garantir a segurança alimentar de populações ao redor do mundo. Para a Apex, não há justificativas razoáveis para restrições à carne brasileira, dado o rigor com que o setor opera.
Impactos e perspectivas
O Carrefour, que possui mais de 500 lojas no Brasil, é a maior rede varejista do país e lucra com produtos nacionais. Para o setor produtivo, decisões como essa não apenas afetam o agronegócio, mas colocam em xeque o respeito e a valorização pelo trabalho dos produtores brasileiros.
Apesar das críticas, o Carrefour ainda não se pronunciou sobre o boicote ou as alegações da Fhoresp.