O governo federal enfrenta um complexo cenário político e fiscal no final de 2024. Com o objetivo de aprovar um pacote fiscal abrangente antes do recesso parlamentar, o Palácio do Planalto intensificou negociações de ministérios, antecipando conversas sobre mudanças ministeriais e a liberação de emendas parlamentares.
Negociação de ministérios e insatisfação partidária
A pressão por ajustes na composição ministerial surge da insatisfação de partidos como PSD e União Brasil, que se sentem desprestigiados em relação a outras siglas da base aliada. O PSD, por exemplo, reivindica ministérios de maior peso, argumentando que a atual distribuição é desigual e prejudica o partido, que teve destaque nas eleições municipais de 2024.
O ministro Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais) já iniciaram diálogos com líderes partidários. No entanto, o Planalto enfrenta resistência quanto a promessas para 2026, com partidos evitando compromissos antecipados para o próximo ciclo eleitoral.
Liberação recorde de emendas em 2024
Outro elemento crítico das negociações é o volume recorde de emendas parlamentares previsto para 2024, estimado em R$ 40 bilhões. Somente no final deste ano, o governo está destinando R$ 10 bilhões para consolidar apoio às propostas fiscais em tramitação.
Essa estratégia inclui o pagamento de emendas não impositivas – que o governo não é obrigado a executar – como moeda de troca para garantir votos necessários. A liberação de valores tão expressivos, somada às mudanças nas regras de execução determinadas pelo STF, gerou debates acalorados entre os poderes Executivo e Legislativo.
Impactos das mudanças fiscais e projeções políticas
O pacote fiscal enfrenta oposição em diversos segmentos. Entre os pontos mais sensíveis estão os cortes no Benefício de Prestação Continuada (BPC), a limitação de supersalários no Judiciário e alterações nas aposentadorias militares. Esses temas são alvos de críticas de partidos de centro, militares e membros do alto escalão do Judiciário.
Em paralelo, o governo busca fortalecer alianças para 2026, visando construir uma base sólida que assegure mais recursos e tempo de TV na campanha presidencial. Além de manter partidos da esquerda, como PSOL e PCdoB, o Planalto investe em alianças estratégicas com MDB, Podemos e outras siglas, embora reconheça as dificuldades em unificar o centro-direita.