Pela primeira vez desde agosto, o Banco Central (BC) interveio de forma direta no mercado cambial, realizando a venda à vista de dólares das reservas internacionais para conter a escalada da moeda norte-americana. Na tarde desta sexta-feira (13), o BC leiloou US$ 845 milhões, sem compromisso de recompra. A venda de reservas cambiais visa à redução da pressão sobre o dólar, que vinha operando em alta ao longo do dia.
Como foi a venda de reservas cambiais?
O leilão (venda de reservas cambiais) aconteceu pouco antes das 15h e teve impacto imediato no mercado. A cotação do dólar comercial, que girava em torno de R$ 6,07, recuou para R$ 6,02 após a intervenção. Mais cedo, a moeda chegou a cair para R$ 5,99, mas inverteu o movimento ainda pela manhã, voltando a subir. A intervenção refletiu a necessidade de estabilizar o câmbio, que enfrentava volatilidade acentuada em meio a pressões econômicas internas e externas.
A última operação desse tipo (venda de reservas cambiais sem compromisso de recompra) se deu em 30 de agosto, quando o BC vendeu US$ 1,5 bilhão das reservas. Esse tipo de venda, conhecido como leilão à vista, difere de outros instrumentos, como o leilão de linha, que envolve o compromisso de recompra dos recursos. Na véspera, quinta-feira (12), o BC já havia ofertado US$ 4 bilhões em leilões de linha, com a devolução prevista para fevereiro e abril, mas as operações não foram suficientes para conter a alta do dólar.
Atualmente, as reservas internacionais do Brasil somam US$ 363,6 bilhões, representando um colchão financeiro robusto para lidar com choques externos. Tal valor permite operações como a venda de reservas cambiais para conter alta do dólar. Essas reservas são compostas por ativos em moeda estrangeira, especialmente dólares, que servem para manter a estabilidade cambial, garantir liquidez em momentos de crise e transmitir confiança ao mercado financeiro.
Por que o Banco Central está intervindo no câmbio?
A decisão do BC quanto à venda de reservas cambiais à vista reflete o uso estratégico das reservas em um contexto de pressão cambial, impulsionada por fatores como a valorização global do dólar, incertezas econômicas internas e expectativas sobre os juros nos Estados Unidos. Operações dessa natureza, embora raras, são empregadas quando a autoridade monetária considera necessário intervir de forma mais incisiva para evitar desequilíbrios no mercado de câmbio.
Além disso, a intervenção ocorre em um momento de atenção aos impactos da volatilidade cambial sobre a inflação e os custos de importação. Movimentos bruscos no câmbio podem influenciar os preços internos, especialmente em setores dependentes de insumos estrangeiros, destacando a importância de medidas para conter a alta da moeda norte-americana.