O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, registrou queda de 3,15% nesta quarta-feira (18), atingindo 120.771,88 pontos. Paralelamente, o dólar alcançou um recorde histórico ao encerrar o dia a R$ 6,2657. O cenário foi marcado pela aversão ao risco em meio às incertezas fiscais no Brasil e decisões de juros nos Estados Unidos.
Incertezas fiscais e pressão no mercado brasileiro
Os investidores mantiveram postura cautelosa devido ao risco de desidratação das medidas fiscais no Congresso Nacional. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reafirmou que o governo está comprometido com o equilíbrio fiscal, apostando que o pacote de contenção de gastos será aprovado sem grandes alterações. Contudo, apesar da declaração, o mercado continua descrente em relação à eficácia das medidas.
Outro ponto importante é que isso ocorre apenas um dia após a Câmara aprovar a regulamentação da reforma tributária. Como publicamos ontem, muitos empresários ainda têm dúvidas sobre a eficácia real das mudanças. Líderes dos setores industrial, comercial e agrícola alertam que, embora a reforma possa simplificar a forma de cobrança, a carga tributária total tende a permanecer inalterada, como uma das maiores do mundo. O mercado também demonstra preocupação com o corte de gastos, pois acredita que ela não ocorrerá conforme o esperado, diferente do que Haddad diz.
Impacto no Ibovespa: altas e quedas
O pessimismo refletiu diretamente no Ibovespa, com fortes quedas em empresas de grande peso no índice. Vale (VALE3) recuou mais de 5%, enquanto Petrobras (PETR4;PETR3) caiu mais de 2%. A alta do dólar beneficiou empresas com receitas dolarizadas, como Marfrig (MRFG3), uma das poucas ações que fecharam em alta. No entanto, empresas expostas ao consumo doméstico, como CVC (CVCB3) e Azul (AZUL4), sofreram com a valorização da moeda norte-americana e a disparada dos juros futuros.
Recorde histórico do Dólar
A moeda norte-americana subiu 2,78%, fechando a R$ 6,2657, maior valor nominal desde a criação do real. Esse movimento mostra tanto a desconfiança com o cenário fiscal doméstico quanto a reação ao corte de juros nos Estados Unidos, que reduziu a atratividade de mercados emergentes como o Brasil.
Mercado internacional
Nos Estados Unidos, o Federal Reserve cortou os juros em 25 pontos-base, para o intervalo de 4,25% a 4,50%, em linha com as expectativas. Contudo, a redução das projeções para cortes em 2025 frustrou os mercados, levando a fortes quedas nos índices de Nova York. O Nasdaq caiu 3,56%, enquanto o S&P 500 recuou 2,95%.