Desde quinta-feira (12) da semana passada, o Banco Central vendeu US$ 20,75 bilhões para conter a alta do dólar. Porém, o que muita gente não sabe é de onde vem esse dinheiro. Se a origem do dólar usado nos leilões de câmbio é do Banco Central ou do Orçamento da União. Ou mesmo se advém de empréstimos ou negociações entre instituições financeiras, como acontece em vendas de títulos públicos da dívida pública.
Qual a origem do dólar que o BC utiliza para baixar a taxa de câmbio?
A origem do dólar vem das reservas internacionais do país, que somavam US$ 357,118 bilhões até última segunda-feira (17). Essas reservas funcionam como um colchão financeiro, garantindo estabilidade econômica. Diferentemente de países como a Argentina, que recorrem ao FMI em crises, o Brasil é visto como mais seguro por investidores, explica Rafael Ribeiro, professor de economia da UFMG, ao UOL.
As reservas são formadas com dólares cuja origem vem de exportações, como as vendas de soja para a China. O Banco Central compra esses dólares do sistema bancário, explica André Galhardo, consultor da Remessa Online. Além do dólar, as reservas incluem euros e yuans. No final dos anos 1990, o Brasil tinha cerca de US$ 68 bilhões em reservas, mas, com o boom das commodities nos anos 2000, o volume ultrapassou US$ 300 bilhões em 2010. O maior valor foi registrado em 2018, com US$ 379,722 bilhões.
Uso excessivo pode gerar inflação
Essas reservas servem para controlar o câmbio, mas seu uso excessivo pode gerar inflação. Para evitar isso, o BC realiza leilões desde a origem da crise cambial com recompra futura de dólares ou eleva a taxa básica de juros, a Selic. Juros altos atraem investimentos externos, fortalecendo o mercado de câmbio nacional.
A recente alta do dólar, que foi de R$ 5,30 para R$ 6,30, exigiu intervenção do BC. Contudo, especialistas como Eurico Ribeiro, da B&T Câmbio, afirmam que a atuação foi tardia e pode sinalizar problemas futuros.
O impacto desses leilões é significativo. Dos US$ 357 bilhões, apenas 5% foram usados até agora desde a origem da crise, mas no mercado de dólares local, de cerca de US$ 75 bilhões, o montante é expressivo. Segundo André Valério, do Inter, o cenário externo, como a decisão do Fed de manter juros altos, pode exigir novas intervenções para conter a volatilidade do câmbio.