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Sob a gestão de Milei, Argentina deixa de ser ‘pechincha’ para turistas com dólar

A Argentina vive alta do custo de vida e valorização do peso, tornando-se cara para turistas. Argentinos ricos viajam mais, enquanto pobres enfrentam inflação e preços altos. O governo Milei controla o câmbio, evitando nova desvalorização para conter a inflação.
Avenida movimentada em Buenos Aires em meio ao aumento do custo de vida na Argentina aumenta e desagrada argentinos e turistas
Pixabay

Desde a ascensão de Javier Milei ao poder como presidente da Argentina, muita coisa mudou na economia do país vizinho, sobretudo em relação ao custo de vida naquela nação. Vinicius Camelo, brasileiro recém-formado em Medicina em Buenos Aires, viu os gastos duplicarem, mesmo após cortes no orçamento e mudanças de hábitos. Ao Globo, ele revelou que parou de comer fora, só compra em promoções, cancelou o plano de saúde, trocou de operadora de celular e cortou alimentos que triplicaram de preço no primeiro ano de governo de Javier Milei.

Aumento do custo de vida na Argentina afeta turistas

O aumento do custo de vida também afeta turistas estrangeiros, que até o ano passado consideravam a Argentina um destino acessível.

A Argentina voltou a ser cara. O peso valorizou-se frente ao dólar após anos de desvalorização, agravando o impacto para brasileiros, já que o real perdeu cerca de 20% do valor ante o dólar em 2024. Enquanto isso, a classe alta argentina se beneficia, viajando mais ao exterior graças ao “efeito riqueza do dólar barato”, descrito pelo economista Amilcar Collante.

“Estamos num ciclo de dólar barato. O governo Milei primeiro desvalorizou o peso, mas depois controlou sua cotação, beneficiando argentinos com acesso ao dólar”, diz Collante.

Queda do turismo argentino

Dados do Indec mostram que, em outubro, o turismo na Argentina caiu 30,3% em relação a 2023, enquanto viagens de argentinos ao exterior subiram 24,7%. Cerca de 65% dos turistas eram de países vizinhos, principalmente brasileiros (23%) e uruguaios (17,7%). No entanto, enquanto 754,9 mil turistas estrangeiros entraram, 1,1 milhão de argentinos saíram. Isso reflete o custo de vida na Argentina.

“O turismo internacional não teve inflação em dólares. Passagens para Miami custam cerca de US$ 1 mil e, para o Brasil, de US$ 400 a US$ 500. Para quem tem dólares, ficou mais acessível”, explica Sebastián Christiansen, da CDN Viajes.

A desvalorização do real favoreceu os argentinos, que voltaram a fazer compras no Brasil. Em contrapartida, turistas estrangeiros reclamam dos altos preços na Argentina, gerando memes nas redes sobre o custo de vida no país. “A Argentina está cara para estrangeiros, enquanto países do exterior ficaram mais baratos para argentinos. Muitos usam poupanças ou salários reajustados, que dobraram em dólar no último ano”, afirma um agente de viagens.

Revolta dos mais pobres

Argentinos mais pobres, afetados pela inflação e pelo arrocho de Milei, criticam os altos preços dos produtos locais e pedem boicotes. Valeria, uma consumidora argentina, conta que uruguaias que antes iam a Buenos Aires para compras agora evitam a cidade, prova do custo de vida elevado na Argentina.

“Hoje viajamos mais ao exterior. Um almoço em Punta del Este é mais barato que em Puerto Madero”, relata Valeria.

Apesar de prometer dolarizar a economia, Milei mantém o peso como moeda nacional, valorizado frente ao dólar após uma maxidesvalorização inicial de 114%. O governo adota ajustes cambiais mensais de até 2% e descarta uma nova desvalorização brusca para conter a inflação interna, que, mesmo desacelerada, acumulou 112% entre novembro de 2023 e novembro de 2024.

Com 52,9% da população na pobreza e a inflação em torno de 3% ao mês, o governo aposta no controle cambial, limitando a compra de dólares oficiais a US$ 200 por pessoa. O Banco Central começa a recuperar reservas, mas Milei evita medidas que possam desestabilizar a economia.

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