O setor público consolidado (União, Estados, municípios e estatais) acumulou um déficit nominal de R$ 1,111 trilhão nos 12 meses encerrados em novembro, o equivalente a 9,50% do PIB (Produto Interno Bruto). Os dados vieram a público nesta segunda-feira (30/12) pelo Banco Central.
Este é o oitavo mês consecutivo em que o déficit nominal supera a marca de R$ 1 trilhão. Durante a pandemia de covid-19, as contas públicas também ultrapassaram esse patamar por três meses consecutivos. O valor atual é o maior registrado em um período de 12 meses desde agosto de 2024, quando o montante foi ligeiramente superior.
O que explica o crescimento do déficit nominal?
O principal fator por trás do déficit nominal elevado é o aumento dos gastos com juros da dívida pública. Essas despesas somaram R$ 918,2 bilhões no acumulado de 12 meses até novembro, o maior valor da série histórica iniciada em 2002. A alta da taxa Selic, mantida acima de dois dígitos desde fevereiro de 2022, contribui para o encarecimento da dívida.
Outro elemento é o déficit primário, que exclui os gastos com juros. No mesmo período, o setor público consolidado registrou um déficit primário de R$ 192,9 bilhões, o menor saldo negativo acumulado desde novembro de 2023 (R$ 131,4 bilhões).
Medidas fiscais e impacto no mercado
Para conter a deterioração fiscal, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou um pacote de medidas para reduzir a trajetória de despesas públicas. No entanto, o mercado financeiro reagiu negativamente, levando o dólar a ultrapassar a marca de R$ 6,00. Analistas consideraram o pacote insuficiente para reverter o quadro fiscal.
O déficit nominal atual representa 9,50% do PIB. Durante o governo Lula, a proporção atingiu seu pico em julho de 2024, com 9,89% do PIB. Já no auge da pandemia de covid-19, o déficit chegou a 13,48% do PIB, em outubro de 2020.