O corte de gastos do governo busca equilibrar as contas públicas, mas gera debates. Entre as medidas, está a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil, beneficiando trabalhadores. Porém, ajustes como o limite de reajuste do salário mínimo e cortes no abono salarial e no Benefício de Prestação Continuada (BPC) preocupam especialistas e impactam os mais vulneráveis.
Pedro Brandão, especialista em finanças e CEO da CredÁgil, critica a abordagem do governo.
“Os corte de gastos do governo atingem diretamente quem mais precisa, enquanto o governo mantém uma máquina pública ineficiente. Privatizações poderiam ser uma solução, especialmente considerando os prejuízos históricos registrados por estatais em 2024“. destacou Brandão.
Déficit Fiscal: Uma Visão Positiva
De acordo com o O Globo, o governo estima que o déficit primário de 2024 ficará entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões, cerca de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB). Essa projeção é próxima da meta zero definida pelo governo e muito inferior ao limite permitido pelo novo modelo fiscal, de R$ 28,8 bilhões (0,25% do PIB).
Segundo Pedro Brandão, embora o cenário fiscal pareça mais controlado, os cortes em áreas sensíveis levantam dúvidas.
“A isenção do imposto de renda é positiva para os trabalhadores, mas sem planejamento sustentável, os cortes podem prejudicar setores essenciais e os mais vulneráveis“, disse o especialista.
Impacto dos Corte de Gastos do Governo nos Benefícios
O governo também alterou regras de benefícios sociais. O salário mínimo será corrigido pela inflação e pelo PIB de dois anos anteriores, mas com um limite de aumento de 2,5%. O abono salarial, antes limitado a quem ganha até dois salários mínimos, passará a atender apenas quem ganha até 1,5 salário mínimo em 10 anos.
O Benefício de Prestação Continuada (BPC) sofreu restrições: se dois idosos de baixa renda morarem na mesma casa, apenas um poderá receber o benefício. Essas mudanças podem impactar diretamente milhões de famílias que dependem dessas ajudas para sobreviver.
Pedro Brandão reforça a necessidade de soluções mais estruturais:
“Não basta corte de gastos do governo de forma pontual. É preciso revisar a estrutura do governo. Privatizações poderiam reduzir custos e melhorar a eficiência, evitando prejuízos que recaem sobre a população.”
Quem Vai Pagar a Conta?
Para compensar a isenção do imposto de renda, cerca de 100 mil pessoas que ganham acima de R$ 12 mil por mês pagarão mais impostos. Essa mudança exclui 80% dos brasileiros do IR, beneficiando trabalhadores e boa parte da classe média.
“Essas medidas podem trazer alívio momentâneo, mas não resolvem problemas estruturais. Sem reformas profundas, estamos apenas adiando uma crise maior“, alerta Pedro Brandão.
Com o déficit fiscal possívelmente mais controlado, o governo busca apresentar um cenário positivo, mas ainda enfrenta desconfiança por parte de operadores do mercado financeiro.
Segundo Brandão, resta a pergunta: cortes pontuais serão suficientes para garantir o equilíbrio fiscal?