O preço do ovo registrou um aumento em fevereiro, impactando todas as regiões produtoras monitoradas pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea – Esalq/USP). No Espírito Santo, que tem um dos principais polos de produção do país, a caixa com 30 dúzias de ovos vermelhos atingiu R$ 276,54 na última quarta-feira (19), um salto de 43% em relação ao mesmo período do ano passado.
O aumento no preço do ovo reacendeu o debate sobre a inflação dos alimentos. Nesta quinta-feira (20), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mencionou a alta do produto ao comentar o impacto no bolso dos consumidores. Ele defendeu uma conversa com atacadistas para discutir medidas que possam conter essa escalada.
“Eu sei que o ovo está caro. Quando me disseram que está R$ 40 a caixa com 30 ovos, é um absurdo. Vamos ter que fazer reunião com atacadistas para discutir como é que a gente pode trazer isso para baixo”, afirmou o presidente.
Especialistas apontam diversos fatores por trás do aumento no preço do ovo, incluindo a alta nos custos de produção, as condições climáticas e a proximidade da Quaresma, período que tradicionalmente impulsiona a demanda por ovos como substituto das carnes vermelhas.
- Abaixo, vídeo em que Lula sugere que brasileiros comam “ovos de ema“.
Vídeo do canal Revista Oeste no YouTube.
Alta nos custos e Quaresma pressionam os preços no mercado
A alta no preço do ovo no início do ano já era esperada pelo setor produtivo, especialmente devido ao aumento do consumo durante a Quaresma, que antecede a Páscoa. A tradição cristã leva muitos consumidores a reduzirem a ingestão de carne vermelha, optando por alternativas como ovos e proteínas brancas.
No entanto, outros fatores também pesaram nessa valorização. O custo de produção da avicultura subiu nos últimos meses, influenciado pela alta do milho, principal insumo da alimentação das aves. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o preço do grão avançou 30% desde julho de 2024. Além disso, a indústria enfrenta um aumento no valor das embalagens, que encareceu mais de 100% nos últimos oito meses.
O preço do ovo vai cair após a Quaresma?
Produtores acreditam que os preços podem se estabilizar após a Páscoa, quando a demanda por ovos tradicionalmente diminui. No entanto, a pressão sobre o custo dos insumos e a valorização de outras proteínas podem impedir uma queda no curto prazo.
A inflação das carnes bovina, suína e de frango tem levado consumidores a buscar opções mais acessíveis, consolidando o ovo como uma alternativa frequente na dieta. Dados do Instituto Ovos Brasil apontam que o consumo per capita da proteína no país tem aumentado nos últimos anos. Em 2023, a média era de 242 unidades por pessoa, subindo para 269 em 2024, com previsão de 272 unidades em 2025.
Apesar da expectativa de normalização, a manutenção dos preço elevado da carne pode sustentar a demanda pelo ovo mesmo após a Quaresma. O comportamento do mercado nos próximos meses será decisivo para definir o rumo dos preços.