O Bitcoin segue em queda nesta sexta-feira (28) e foi negociado abaixo de US$ 80 mil. Esse é o menor valor registrado desde novembro de 2024, quando Donald Trump venceu a eleição presidencial nos Estados Unidos. A recente desvalorização do Bitcoin reflete a ausência de medidas concretas do governo americano para o setor de criptomoedas e o aumento das tensões comerciais globais.
Após a eleição de Donald Trump, em 6 de novembro, o Bitcoin registrou forte alta, ultrapassando os US$ 106 mil em janeiro. A expectativa de que o novo governo adotaria políticas favoráveis às criptomoedas impulsionou a valorização. No entanto, quase dois meses depois, a falta de ações concretas e o temor de uma guerra comercial têm levado investidores a se desfazerem de ativos mais arriscados.
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Do otimismo à desvalorização do Bitcoin: o que mudou no mercado?
Durante sua campanha, Donald Trump prometeu reduzir regulamentações para o setor de criptoativos e até sugeriu a criação de uma reserva nacional de Bitcoin. Em julho de 2024, ao discursar na conferência Bitcoin 2024, afirmou que queria a moeda digital sendo “extraída e cunhada” nos Estados Unidos. O posicionamento contrastava com declarações anteriores, já que, em 2019, ele criticava criptomoedas, dizendo que eram “altamente voláteis” e podiam ser usadas para atividades ilegais.
A promessa de um ambiente mais favorável gerou forte valorização do Bitcoin logo após sua eleição. No entanto, sem iniciativas concretas, o mercado perdeu o entusiasmo e causou a desvalorização do Bitcoin. Além disso, as recentes ameaças tarifárias do governo americano aumentaram o nível de incerteza econômica, levando investidores a buscar ativos mais seguros.
Investidores recuam com tarifas e possível alta dos juros
Na quinta-feira (27), Donald Trump anunciou que pretende impor tarifas de 25% sobre produtos da União Europeia. Além disso, as taxas sobre importações do México e do Canadá devem entrar em vigor em 4 de março, enquanto a China enfrentará um acréscimo de 10%.
O impacto dessas tarifas pode aumentar os custos de produção nos Estados Unidos, pressionando a inflação. Caso a inflação acelere, o Federal Reserve (Fed) pode manter os juros elevados por mais tempo, tornando títulos públicos americanos mais atrativos e reduzindo o apetite por ativos voláteis como o Bitcoin.
“A falta de ações concretas da nova administração para o setor de criptomoedas, somada ao cenário macroeconômico global, tem impactado negativamente o mercado”, disse Stefan von Haenisch, da Bitgo, à Bloomberg.
Com esse cenário de incertezas, analistas apontam que o Bitcoin pode continuar com a desvalorização nos próximos meses, dependendo das decisões do governo americano e da resposta dos mercados às políticas econômicas adotadas.
Informações do Bloomberg