O Itaú BBA revisou sua projeção para a cotação do dólar ao final de 2025, reduzindo a estimativa de R$5,90 para R$5,75. A decisão está atrelada ao novo panorama macroeconômico e geopolítico, especialmente devido às tarifas comerciais impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O impacto das políticas tarifárias tem gerado maior incerteza no mercado global, afetando previsões de crescimento e a direção do câmbio.
Impacto global e revisão das projeções do Itaú BBA
O estudo do Itaú BBA, assinado pelo economista-chefe Mario Mesquita, aponta que a revisão para baixo na projeção do dólar está ligada ao menor crescimento esperado para a economia americana. Essa passou de 2,5% para 2%. Esse ajuste decorre da implementação das tarifas de Trump, das incertezas fiscais e migratórias e do desempenho mais fraco da economia no início do ano.
Apesar do enfraquecimento do dólar, o Itaú BBA incorporou em seu cenário base o impacto de tarifas recíprocas. Elevando a projeção de inflação nos EUA, medida pelo Consumer Price Index (CPI), de 3% para 3,3%. No entanto, a expectativa para a taxa básica de juros dos EUA (Fed Funds) permanece em 4,4%, conforme estimativa do Itaú BBA.
Veja mais sobre o impacto dessas tarifas:
Brasil e América Latina: reflexos das tarifas de Trump
No Brasil, a expectativa do banco é que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 2,2% em 2025. Enquanto a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve encerrar o ano em 5,7%. A taxa básica de juros, Selic, deve ser mantida em 15,25% ao ano.
Dentre os países latino-americanos, o México deve ser o mais impactado pelas políticas comerciais de Trump. O Itaú BBA reduziu a projeção de crescimento do PIB mexicano para 2025 para 0,0%, reflexo da esperada queda nas exportações de manufaturados e serviços.
Inflação e expectativas para o câmbio
O Itaú BBA também ajustou sua projeção para a inflação de 2025, reduzindo-a de 5,8% para 5,7%.
A moeda brasileira, que chegou a atingir R$6,30 por dólar ao final de 2024, voltou a ganhar força nos primeiros meses de 2025. O Itaú justifica essa apreciação pelo aumento do diferencial de juros e pelo alívio no cenário internacional. Embora ressalte que a deterioração das contas externas brasileiras e as incertezas fiscais ainda limitam um fortalecimento maior do real.
Com isso, o Itaú BBA revisou sua previsão para o câmbio. E acabou reduzindo a estimativa de R$5,90 para R$5,75 por dólar ao final de 2025. O novo cenário reforça que, apesar das turbulências externas, o real pode continuar a se valorizar. Desde que fatores internos, como a política monetária e fiscal, sejam bem conduzidos.