A valorização do real no primeiro trimestre de 2025, com o dólar comercial operando abaixo de R$ 5,80, animou parte do mercado. Assim, incertezas externas, ruídos políticos e dúvidas sobre o fluxo cambial colocam em xeque a continuidade desse movimento positivo no mercado cambial.
O recuo da moeda americana está atrelado à desvalorização do dólar frente a moedas emergentes e ao euro, impactado pelo desempenho das big techs e ações menos agressivas do governo Trump. Esses fatores enfraqueceram a tese do “excepcionalismo americano”, provocando migração de capitais para outros mercados. Isso também afetou as expectativas de mercado, que passaram a favorecer moedas como o real.
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Valorização do real, ambiente fiscal e político afetam taxa de câmbio
No cenário doméstico, o aumento dos ruídos políticos e fiscais pressiona a taxa de câmbio, em especial após medidas como liberação do FGTS e nova linha de crédito consignado. O risco cambial cresce em função da instabilidade, levando investidores a cautela. Há preocupação com a efetividade das intervenções, mesmo com o suporte das reservas internacionais.
Apesar da pressão, o diferencial de juros ainda favorece o carry trade. Com a política monetária atual mantendo a Selic acima de 14%, investidores que mantêm posição em real se beneficiam de ganhos com os juros.
Dados do Banco Central mostram que a valorização do real, o saldo da balança comercial e as entradas comerciais ainda não compensaram a forte saída financeira. Estratégias como o hedge cambial têm sido usadas por empresas diante da oscilação nas cotações entre dólar turismo e comercial. A valorização do real torna intervenção cambial necessária se a instabilidade persistir.