Segundo levantamento da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), as empresas captam R$ 202 bi no primeiro quadrimestre de 2025, consolidando um novo recorde histórico impulsionado principalmente pelas debêntures e fundos estruturados no mercado de capitais.
Esse desempenho representa um avanço de 1,8% na comparação com o mesmo período do ano passado e reforça o papel do mercado de capitais como alternativa sólida ao crédito bancário tradicional.
Empresas captam mais com debêntures no 1º quadrimestre
O destaque do período foi o volume de debêntures, que puxou o movimento de alta. As empresas captam R$ 202 bi e, dentro desse montante, as debêntures representaram R$ 126,4 bilhões — maior valor da série histórica iniciada em 2012. O crescimento foi de 13,7% frente aos primeiros quatro meses de 2024.
Grande parte desses recursos foi destinada a projetos de infraestrutura, que responderam por 41,6% do total emitido. Outro ponto positivo foi o alongamento do prazo médio das operações, que subiu para 9,9 anos, contra 7,7 anos no mesmo intervalo do ano passado. A busca por redução do custo de capital também influenciou esse movimento.
Fundos estruturados ganham espaço entre empresas
Além das debêntures, os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) atingiram um patamar recorde de R$ 24,6 bilhões no quadrimestre. O tíquete médio das operações ficou em R$ 78 milhões, refletindo a diversificação de emissores e a maior demanda por crédito privado.
As empresas captam R$ 202 bi e os FIDCs têm se mostrado uma alternativa estratégica, especialmente para companhias de médio porte que buscam acesso mais ágil ao sistema financeiro. Assim, os fundos de investimento e os investimentos institucionais tiveram papel relevante nas operações, aumentando a liquidez no mercado secundário.
As notas comerciais também registraram crescimento expressivo: R$ 8,2 bilhões captados, com alta de 39,5% em relação ao ano anterior. Além disso, parte dessas operações envolveu sociedades limitadas, refletindo a simplificação regulatória promovida pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Instrumentos híbridos e mercado de ações mantêm relevância
Embora alguns instrumentos tenham registrado retração, como os Fundos Imobiliários (FIIs), que recuaram 38,4%, e os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), com queda de 32,5%, o desempenho dos Fiagros surpreendeu positivamente. Os fundos do agronegócio movimentaram R$ 1,7 bilhão, crescimento de 82,1% no comparativo anual.
Na B3 (Bolsa de Valores Brasileira), as operações de emissão de ações e follow-on somaram R$ 2,9 bilhões, concentradas principalmente nos meses de março e abril, indicando retomada gradual do apetite por ativos no mercado de ações. Portanto, apesar da ausência de grandes ofertas públicas iniciais (IPOs) no início do ano, o cenário permanece favorável à abertura de capital no segundo semestre, com suporte da análise fundamentalista.
Emissões externas e perfil dos emissores
No ambiente internacional, as emissões de renda fixa somaram US$ 12,2 bilhões, com aumento de 10,8% em relação ao primeiro quadrimestre de 2024. Além disso, as empresas captam R$ 202 bi com destaque também no exterior, onde lideraram as captações com 57,3% do total emitido, seguidas por instituições financeiras (22,5%) e entes soberanos (20,2%).
No caso das ofertas internacionais, o valor de mercado das empresas emissoras teve papel determinante na precificação dos títulos, assim como sua exposição ao capital de risco. O ambiente regulatório e a atuação da CVM também influenciaram a estruturação de operações mais complexas.
Empresas captam R$ 202 bi com diversidade de instrumentos
A marca atingida no quadrimestre evidencia a diversidade de instrumentos disponíveis no mercado de capitais brasileiro. Guilherme Maranhão, presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais da Anbima, ressalta que o setor vem se consolidando como fonte estratégica de financiamento, inclusive para empresas de menor porte.
Com o avanço das debêntures, FIDCs, ações preferenciais e Fiagros, as empresas captam R$ 202 bi e indicam que há espaço para ampliar ainda mais o acesso à B3 em 2025. Ademais, essa evolução favorece tanto a economia real quanto a democratização do investimento produtivo no mercado de ações brasileiro.