A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou a prisão preventiva de Carla Zambelli, após a deputada federal deixar o Brasil e anunciar que deve seguir para a Europa. O procurador-geral Paulo Gonet pediu a prisão dela, além disso, solicitou a inclusão na lista da Interpol e o bloqueio dos bens. Atualmente, Carla Zambelli é considerada foragida.
Paulo Gonet afirmou que não pretende antecipar a pena imposta, mas garantir o cumprimento da lei penal. A medida pede ainda a suspensão do passaporte de Zambelli e comunicação imediata às autoridades estrangeiras.
Por que as autoridades consideram a Carla Zambelli foragida?
Há cerca de três semanas, o Supremo Tribunal Federal condenou deputada federal a 10 anos de prisão em regime fechado por envolvimento na invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Após a decisão do STF, ela viajou para a Argentina e, de lá, seguiu para os Estados Unidos. Em entrevista, afirmou que vai passar por tratamento de saúde.
Para a PGR, há indícios de que a saída do país tenha sido planejada para evitar os efeitos da condenação. O órgão considera que Carla Zambelli descumpriu decisão da mais alta corte do país, sendo considerada foragida.
Outros processos complicam a situação
Considerada foragida, Carla Zambelli responde a outras investigações, incluindo uma ação penal no STF por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal. O caso envolve o episódio de 2022, quando ela perseguiu um eleitor pelas ruas de São Paulo com uma arma de fogo.
Neste processo, seis ministros votaram por sua condenação a mais de cinco anos de prisão e pela cassação do mandato. Porém, o julgamento foi suspenso por um pedido de vista do ministro Nunes Marques.
A deputada também aparece como investigada em dois inquéritos: o das fake news, que apura ataques ao STF, e o das milícias digitais, que analisa possíveis articulações antidemocráticas após as eleições de 2022.
Além disso, na Justiça Eleitoral, Carla Zambelli foi condenada por abuso de poder político durante as eleições. O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo determinou a perda do mandato e a inelegibilidade por oito anos. A defesa recorre ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Quem é Carla Zambelli, parlamentar foragida
Foragida da Justiça, Carla Zambelli se tornou uma das principais aliadas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) desde que entrou na política nacional em 2018, eleita deputada federal por São Paulo pelo PSL. Em 2022, o PL a reelegeu como a segunda mais votada do estado.
Antes da atuação parlamentar, ganhou projeção ao fundar o Movimento Nas Ruas, grupo que teve destaque nas manifestações pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
A deputada tem 45 anos e nasceu em Ribeirão Preto, interior paulista. Ela se formou em Planejamento Estratégico Empresarial pela Uninove e trabalhou na área corporativa até 2015, quando se afastou do emprego por motivos de saúde. À época, enfrentava um tumor cerebral.
Carla Zambelli é autora do livro Não foi Golpe – Os bastidores da luta nas ruas pelo Impeachment de Dilma, publicado em 2018.