O avanço do mercado de capitais para o agronegócio ganhou tração com o empenho da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em criar um ambiente mais atrativo e acessível. A autarquia lançou, entre 2022 e 2024, medidas regulatórias como a Resolução CVM nº 214, que consolidou a estrutura legal dos FIAGROs, e promoveu o Boletim CVM Agronegócio, aproximando investidores e produtores.
Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o setor representou cerca de 25% do PIB nacional em 2024, movimentando R$ 2,72 trilhões. Ainda assim, apenas 3,5% dos ativos financeiros estão vinculados ao agro, o que revela o potencial inexplorado do segmento no mercado de capitais.
Instrumentos do mercado de capitais ampliam crédito no agro
A entrada de FIAGROs, CRAs e CPRs verdes fortalece a base do mercado de capitais para o agronegócio. Os CRAs cresceram 60% entre 2022 e 2024, enquanto os FIAGROs apresentaram alta de 315% em dois anos, diversificando o acesso a capital para diferentes perfis de produtores.
Além disso, instrumentos como a CPR Verde valorizam práticas sustentáveis, com lastro em créditos de carbono e CBIOs. Os fundos permitem investimentos em toda a cadeia agroindustrial, desde insumos até logística e comercialização, o que aumenta a flexibilidade e reduz riscos de forma estratégica.
Agronegócio encontra nova rota no mercado de capitais
Historicamente, o setor rural se financiava com base em recursos públicos por meio do Plano Safra. Mas com juros elevados e restrições fiscais, os produtores buscam no mercado de capitais para o agronegócio uma solução mais moderna e eficiente. O acesso direto ao investidor, por meio de fundos ou títulos como os CRAs, permite mais transparência, competitividade e diversificação de fontes.
Muitos produtores de médio e grande porte passaram a captar fora dos bancos, reduzindo a dependência de garantias rígidas e limites bancários. Isso libera o orçamento público para outras frentes, como a agricultura familiar, promovendo eficiência no uso dos recursos estatais.
CVM inclui cooperativas e acelera inclusão financeira no campo
Mais recentemente, a CVM autorizou que cooperativas agrícolas estruturassem seus próprios FIAGROs. Com isso, cooperados, funcionários e fornecedores podem investir em fundos regionais, aumentando o engajamento local e a previsibilidade de recursos.
A iniciativa incentiva a organização do setor, amplia a governança das operações e facilita a capitalização de cadeias produtivas com base regional. O modelo, descentralizado e com foco no coletivo, reforça o papel do mercado de capitais para o agronegócio como catalisador de inovação.
Transformação regulatória conecta campo e mercado financeiro
A atuação da CVM mostra que integrar o agronegócio ao mercado de capitais vai além da regulação: é uma estratégia nacional. Os resultados já aparecem nos dados e nos investimentos, mas o impacto mais profundo está na mudança cultural que posiciona o produtor como agente ativo do sistema financeiro.
O Brasil tem a chance de liderar globalmente em finanças sustentáveis. A sinergia entre vocação agrícola e inovação regulatória pode gerar uma economia mais verde, eficiente e competitiva, com benefícios sistêmicos para todo o país.