Os gastos dos brasileiros com compras internacionais alcançaram R$ 14,83 bilhões em 2024, com cerca de 190 milhões de encomendas registradas. Trata-se do maior valor já registrado, segundo dados divulgados pela Receita Federal e pelo Banco Central.
A trajetória de crescimento das compras dos brasileiros é acentuada:
- 2021: R$ 2,24 bilhões
- 2022: R$ 2,57 bilhões
- 2023: R$ 6,43 bilhões
- 2024: R$ 14,83 bilhões
Além do salto em reais, o volume também cresceu em dólares: de US$ 1,28 bilhão em 2023 para US$ 2,75 bilhões em 2024, mesmo com a cotação média do dólar subindo de R$ 4,99 para R$ 5,39 — cerca de 8%.
Arrecadação federal e impacto do programa Remessa Conforme
A disparada nos gastos dos brasileiros com compras internacionais também impulsionou a arrecadação federal. Em 2024, o governo recolheu R$ 2,88 bilhões em impostos sobre encomendas internacionais — alta de 45% em relação a 2023. Desse total, R$ 670 milhões vieram apenas das compras abaixo de US$ 50, com a entrada em vigor do programa Remessa Conforme, em agosto do ano passado.
Criado para regularizar a importação via comércio eletrônico, o programa instituiu uma alíquota de 20% de imposto de importação para compras até US$ 50, antes isentas. Estados também passaram a cobrar ICMS de 17% a 20%, ampliando a base arrecadatória.
Gastos dos brasileiros com compras internacionais devem seguir em alta em 2025
Com a melhoria da logística, somada aos preços competitivos e à variedade de produtos, consumidores brasileiros seguem optando por sites estrangeiros como Shein, Shopee e AliExpress. Assim, essa opção reforça a tendência de crescimento nas microimportações, que continua firme.
Além disso, a familiaridade com plataformas de e-commerce global e o aperfeiçoamento dos serviços de entrega internacional indicam que os gastos dos brasileiros com compras internacionais devem seguir em alta nos próximos anos.
O que esperar dos gastos dos brasileiros com compras internacionais em 2025
Enquanto isso, ainda não há projeções oficiais da Receita Federal sobre os gastos dos brasileiros com compras internacionais em 2025. Mesmo assim, especialistas indicam que o comportamento dessa curva dependerá de três fatores centrais:
- Alta do dólar: com a moeda americana girando acima de R$ 5,70, os valores em reais tendem a subir, mesmo com estabilidade no volume de encomendas;
- Logística mais eficiente: avanços em infraestrutura e rotas internacionais aumentam a capacidade de entrega e reduzem prazos, incentivando novas compras;
- Tributação consolidada: o programa Remessa Conforme e o ICMS de até 20% já foram absorvidos pelo consumidor, estabilizando a estrutura de custos das importações de pequeno porte.
Por isso, a combinação desses vetores indica que os gastos dos brasileiros com compras internacionais devem continuar em alta nominal. Parte desse crescimento, no entanto, pode estar mais ligada à variação cambial do que ao aumento no volume de encomendas.
Para mensurar com precisão, será necessário acompanhar os dados oficiais que serão publicados pela Receita Federal seu site e pelo Banco Central ao longo de 2025.