O maior acionista da International Flavors & Fragrances (IFF) sempre permaneceu no anônimo. Mas, há alguns anos atrás, uma empresa sediada em Singapura surpreendeu o mercado ao assumir o real controle acionário da IFF, gigante americana de fragrâncias e ingredientes, com avaliação de mercado de US$ 19 bilhões. A operação foi, posteriormente, atribuída à família Rausing, fundadora da Tetra Pak, cuja fortuna teve origem na inovação das embalagens cartonadas.
Conforme publicado pelo CincoDias, do El País, essa transação marcou a primeira, mas não a única, exposição pública dos Rausing, que evitam os holofotes e controlam uma complexa rede de ativos globais. De Singapura à Suíça, passando por Liechtenstein, o império mantém operações discretas, com participações em mais de 100 empresas nos EUA e Europa, além de milhares de propriedades.
Portfólio com Patrimônio de US$ 9 bilhões
A gestão do patrimônio segue uma estrutura societária bem organizada. Entre os principais investimentos estão US$ 1,9 bilhão em ações da IFF, US$ 2,4 bilhões na Linde e US$ 2,2 bilhões na Givaudan e outros, incluindo posições na Apple, Wells Fargo, Sensient Technologies e SIG Group, totalizando cerca de US$ 9 bilhões, conforme análise da Bloomberg baseada em registros regulatórios.
Estruturas offshore sustentam a fortuna da família Rausing
Esse conjunto de apostas é mantido por holdings em Singapura, que, por sua vez, pertencem à fundação Haldor, sediada em Liechtenstein. A gestão direta dos investimentos ocorre por meio das gestoras Longbow Finance e Freemont Management, ambas suíças. A Longbow administra US$ 835 milhões e serve à família há décadas. Já a Freemont é registrada como subsidiária da Tetra Laval desde 2025 e administra US$ 304 milhões.
Desempenho das ações e a dinâmica da fortuna da família Rausing
Embora os registros públicos revelem valores atuais das ações, não há transparência sobre o valor de compra, dificultando medir o retorno total da fortuna da família Rausing.
Além disso, a presença em gigantes como Apple e Wells Fargo reforça o perfil conservador, mas robusto, do modelo de investimento adotado pela família. Todas essas posições seguem em nome de empresas controladas de forma indireta por herdeiros através de “family offices“.
Origem da fortuna e a revolução da embalagem com a Tetra Pak
A origem da fortuna da família Rausing está diretamente ligada à criação e expansão da Tetra Pak. Em 1951, a Tetra Pak foi fundada pelo sueco Ruben Rausing com base em uma inovação de Erik Wallenberg: uma embalagem em formato de tetraedro feita de papel revestido com plástico. Essa invenção revolucionou o setor alimentício global.
Com a criação da embalagem Tetra Brik e do sistema de envase asséptico nas décadas de 1960 e 1970, a Tetra Pak passou a permitir o armazenamento de alimentos sem necessidade de refrigeração, mudando os padrões de distribuição em diversos continentes. De uma pequena empresa familiar com seis funcionários em 1954, ela se transformou em multinacional sob a liderança dos filhos Hans e Gad Rausing.
A Tetra Pak e a consolidação da fortuna
Atualmente, a Tetra Pak está sob controle da holding Tetra Laval, que também possui a DeLaval e a Sidel. Além disso, a empresa permanece como propriedade privada exclusiva da família de Gad Rausing. Com presença em mais de 165 países, a companhia oferece soluções completas para processamento, envase e distribuição de alimentos.
A linha de produtos inclui máquinas de enchimento, equipamentos para laticínios, acumuladores, transportadores, embaladores de caixas, aplicadores de canudos, entre outros. Em 2024, a Tetra Pak produziu 178 bilhões de unidades e gerou receita de US$ 18,5 bilhões. Por isso, seu protagonismo no setor global de alimentos continua sendo um dos pilares da fortuna da família Rausing.
Gestão da fortuna da família Rausing é modelo de preservação global
A fortuna da família Rausing se destaca não apenas pelo valor, mas pela forma como é gerida: com discrição, descentralização e estratégias sofisticadas. Essa abordagem garantiu presença em setores essenciais como química, tecnologia, saúde e consumo, sem exposição direta dos herdeiros.
Com ativos pulverizados e controlados por estruturas jurídicas em três continentes, a família Rausing segue como um dos maiores exemplos contemporâneos de gestão silenciosa de riqueza global.
