A disputa comercial entre Brasil e EUA escalou após a decisão de Washington de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. A medida em prática já ameaça exportações bilionárias e abriu um embate na Organização Mundial do Comércio (OMC). Enquanto os EUA alegam “segurança nacional” para manter a sobretaxa, o Itamaraty acusa violação das regras multilaterais, transformando o caso em símbolo de um conflito maior nas negociações globais.
Brasil acusa Washington de discriminação e quebra de acordos
No documento enviado à OMC, o Itamaraty sustenta que as medidas violam compromissos firmados no Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT) e no Entendimento sobre Solução de Controvérsias (DSU). Entre as alegações brasileiras estão:
- tarifas de 50% acima dos limites acordados pelos próprios EUA;
- tratamento desigual em relação a outros parceiros comerciais;
- discriminação explícita contra exportadores brasileiros;
- descumprimento dos procedimentos multilaterais.
Conflito assume peso político na disputa comercial entre Brasil e EUA
Ainda que o processo da disputa comercial entre Brasil e EUA na OMC possa evoluir para a abertura de um painel de julgamento caso não haja acordo em até 60 dias, especialistas avaliam que a disputa tem efeito mais simbólico que prático. Isso porque o sistema de solução de controvérsias da entidade enfrenta esvaziamento político.
Itamaraty articula reação e amplia pressão nas negociações globais
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, o Brasil poderá apresentar novos elementos ao longo do processo. A estratégia busca pressionar Washington em diferentes frentes, reforçando a imagem do país como defensor de um comércio internacional mais previsível. Nesse cenário, a disputa comercial entre Brasil e EUA tende a marcar não apenas as exportações imediatas, mas também o equilíbrio das negociações multilaterais nos próximos meses.
Para Pedro Brandão, especialista em finanças e CEO da CredÁgil, o conflito da disputa comercial entre Brasil e EUA ultrapassa o campo comercial e se conecta a um cenário de incerteza política global.
“Quando os Estados Unidos utilizam o argumento de segurança nacional para justificar tarifas, o efeito imediato é um aumento de risco para investidores e exportadores. O Brasil precisa reagir de forma estratégica para não perder espaço em cadeias globais de valor”, avalia.