Um relatório da British Standards Institution (BSI)— um órgão responsável por criar e promover padrões técnicos para produtos, serviços e sistemas no Reino Unido—aponta que a IA já ameaça empregos e está eliminando cargos de entrada em vários países.
O levantamento com participação de 850 líderes empresariais indica que 41% das companhias já reduziram contratações devido à automação. Além disso, especialistas alertam que o avanço da inteligência artificial pode criar uma geração sem oportunidades de formação profissional.
IA ameaça empregos e substitui funções de entrada nas empresas
Segundo a nova pesquisa da BSI, 41% dos executivos afirmam que a inteligência artificial já está permitindo redução de equipes. Quase um terço dos líderes consultados admite que analisa soluções automatizadas antes de contratar um funcionário humano.
As tarefas mais afetadas incluem pesquisa, relatórios administrativos e atividades de suporte, áreas tradicionalmente ocupadas por estagiários e analistas iniciantes. Além disso, 43% das empresas esperam reduzir ainda mais seus quadros de base até 2026. Nesse contexto, o relatório mostra que a IA ameaça empregos e redefine o primeiro degrau da carreira profissional.
Produtividade cresce, mas risco social aumenta
Segundo o estudo, 25% dos líderes empresariais acreditam que quase todas as tarefas de um profissional de entrada já podem ser realizadas por IA. Outros 33% reconhecem que seus primeiros empregos não existiriam hoje, diante do avanço da automação.
Apesar do risco social, 55% dos entrevistados defendem que os benefícios da IA superam as perdas para o mercado de trabalho. A CEO da BSI, Susan Taylor Martin, destacou que “a tensão entre aproveitar o potencial da IA e manter uma força de trabalho ativa é o desafio definidor do nosso tempo”.
Empresas, governos e universidades enfrentam, portanto, o dilema entre eficiência imediata e sustentabilidade humana. A falta de investimento em capacitação pode gerar um apagão de talentos nas próximas décadas. Fato que, de acordo com o estudo, comprova que a IA pode ameaçar empregos de entrada, apesar de aumentar a produtividade em empresas.
Setores em que a IA já substitui o trabalho humano:
- Marketing e publicidade: redações e agências de marketing internacional utilizam softwares para produção de material publicitário, como textos, imagens, músicas e até mesmo comerciais.
- Transporte e logística: carros autônomos e caminhões automatizados já operam testes em estradas nos EUA, reduzindo a necessidade de motoristas.
- Saúde e diagnóstico: algoritmos identificam tumores e realizam triagens de exames com mais rapidez que técnicos humanos.
- Agronegócio: drones e sensores inteligentes substituem parte da mão de obra no monitoramento de plantações e pulverização.
A nova desigualdade no mercado: quem aprende com IA e quem é substituído por ela
A expansão da automação cria uma nova fronteira entre profissionais que usam a IA como ferramenta e aqueles que são substituídos por ela. Para especialistas em economia do trabalho, os cargos de entrada sempre foram portas de aprendizado e formação. Sua extinção ameaça o ciclo de renovação de talentos e o equilíbrio do mercado.
Nesse cenário, a IA ameaça empregos não apenas em volume, mas em diversidade e acesso, afetando especialmente jovens e recém-formados. Países com baixa oferta de programas de requalificação profissional — como o Brasil — tendem a sentir o impacto mais cedo, com maior exclusão digital e aumento do desemprego entre os mais jovens.
Ameaça de empregos pela IA exige novo pacto entre tecnologia e qualificação
O avanço da automação reforça a necessidade de investir em educação técnica e digital, especialmente em áreas ligadas à análise de dados, cibersegurança e ética em IA. A BSI alerta que apenas o equilíbrio entre inovação e qualificação poderá garantir empregos sustentáveis.
Além disso, especialistas defendem que governos e empresas devem compartilhar a responsabilidade pela transição tecnológica. Sem políticas públicas de requalificação e incentivos à formação de base, a tendência é de aumento da desigualdade e perda de competitividade global.
Por fim, a pesquisa deixa um recado claro: a IA ameaça empregos, mas pode também ser a chave para reconstruí-los — se houver visão de longo prazo e compromisso com o desenvolvimento humano.