A chegada da Keeta no Brasil, prevista para 30 de outubro (30/10), marca o início de uma nova disputa no setor de aplicativos de entrega. A marca, pertencente à chinesa Meituan, inicia a operação em Santos e São Vicente, no litoral de SP, como parte de um investimento de R$ 5,6 bilhões nos próximos cinco anos.
Além disso, a empresa pretende alcançar a capital paulista até o fim de 2025, abrindo espaço para competir diretamente com o iFood, que hoje detém cerca de 80% do mercado nacional de delivery.
Quem é a Meituan, gigante chinesa por trás da Keeta
Fundada em 2010, a Meituan é hoje uma das maiores plataformas digitais da China, com mais de 770 milhões de usuários e cerca de 80 milhões de pedidos diários. A companhia combina serviços de delivery, mobilidade, turismo e comércio eletrônico, operando em um ecossistema semelhante ao de uma “superapp”.
Com a Keeta no Brasil, a Meituan faz sua primeira grande expansão na América Latina, após entrar em mercados como Hong Kong, Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos. O objetivo é replicar o modelo de integração tecnológica e logística que revolucionou o consumo urbano chinês.
Meituan aposta em tecnologia e suporte humano
De acordo com Tony Qiu, presidente de operações internacionais da Keeta, “a assistência de alta qualidade para restaurantes parceiros, incluindo pequenas e médias empresas, é um ponto forte da marca”. Por esse motivo, a companhia aposta em tecnologia avançada aliada a atendimento humano.
Atualmente, mais de mil gerentes de conta brasileiros estão em treinamento. A meta é reduzir perdas logísticas, melhorar a eficiência das entregas e ampliar o crescimento dos restaurantes locais. Além disso, o modelo promete criar novas oportunidades de trabalho para entregadores da região.
Cade e guerra de tarifas reacendem concorrência no setor
Enquanto estrutura sua operação, a Keeta no Brasil já enfrenta disputas no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Isso porque a empresa acusa a 99Food de impor cláusulas de exclusividade a restaurantes. Essa prática, segundo a Keeta, teria restringido parcerias com outras plataformas.
Nesse contexto, a Rappi pediu para integrar o processo, intensificando a chamada guerra do delivery. Além disso, o avanço da Meituan deve pressionar o iFood a rever tarifas e condições comerciais, num cenário de forte competição por clientes e estabelecimentos parceiros.
Expansão da Keeta no Brasil pode impulsionar economia local
Com 700 restaurantes cadastrados e 2 mil entregadores em treinamento, a fase piloto da Keeta no Brasil deve aquecer o ecossistema de delivery da Baixada Santista. Nesse sentido, a escolha por iniciar na região se explica pela alta presença de pequenas e médias empresas, que concentram 82% dos pedidos locais, segundo a Meituan.
A operação no litoral funciona como laboratório logístico para a futura chegada à cidade de São Paulo, prevista até dezembro. Por fim, especialistas avaliam que a entrada da Meituan pode atrair novos investimentos estrangeiros e estimular a digitalização de empreendedores brasileiros.
Futuro e desafios da expansão da Keeta no Brasil
A chegada da Keeta no Brasil, especificamente no litoral paulista, representa mais do que um novo aplicativo de entrega: é a primeira grande incursão da Meituan na América Latina. Além disso, a companhia, que realiza 80 milhões de pedidos diários na China, aposta em preços competitivos e atendimento humanizado para conquistar o público brasileiro.
Nesse cenário, a Meituan busca adaptar seu modelo chinês às condições locais. Se for bem-sucedida, a Keeta poderá reconfigurar o equilíbrio do mercado de delivery e abrir uma nova fase de competição digital no país.