O Banco Central (BC) aprovou nesta segunda-feira (13/10) um novo aporte de R$ 840 milhões em instituições ligadas ao grupo Master. A medida consolida um novo ciclo de reforço patrimonial em meio à reestruturação financeira do Banco Master. A decisão ocorre apenas um mês após o BC barrar a compra do banco pelo Banco de Brasília (BRB), em operação avaliada em R$ 2 bilhões.
Além do impacto financeiro, a decisão reforça o compromisso do regulador em assegurar estabilidade ao sistema bancário. Com isso, o caso do Master simboliza o esforço do BC em equilibrar capitalização e prudência regulatória.
A nova rodada de capitalização aprovada pelo Banco Central (BC) reforça o equilíbrio financeiro do grupo e amplia a base de capital das duas principais instituições controladas pelo Banco Master.
Dados principais da capitalização:
- Banco Master Múltiplo: aporte de R$ 420 milhões.
- Will Financeira (Will Bank): aporte de R$ 419 milhões.
- Capital social pós-aporte:
- Banco Master: R$ 1,586 bilhão.
- Will Financeira: R$ 789 milhões.
- Total injetado em 2025: R$ 2,84 bilhões em reforço de capital no grupo Master.
Reestruturação financeira do Banco Master e supervisão do BC
A decisão do BC ocorre em um cenário de endurecimento das normas prudenciais para bancos médios e digitais. Em agosto, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou novas regras para o Fundo Garantidor de Créditos (FGC). As mudanças entrarão em vigor em junho de 2026 e impõem limites de alavancagem e aumento das contribuições de instituições com perfil de risco elevado.
Segundo o BC, o objetivo é reduzir o chamado “risco moral”, quando bancos assumem riscos excessivos confiando na proteção do FGC. Mesmo sob pressão regulatória, o grupo Master manteve o plano de reforço patrimonial e direcionou aportes para fortalecer a base de capital.
Além disso, analistas apontam que o novo aporte demonstra confiança dos controladores na continuidade das operações. A decisão reforça o compromisso do grupo em seguir as novas regras de supervisão do Banco Central e manter a transparência diante do mercado.
Entenda no vídeo sobre as mudanças no FGC após o caso do Banco Master:
Venda do Will Bank
O Will Bank, braço digital do grupo, continua listado como ativo à venda. Essa decisão faz parte de uma estratégia para ampliar liquidez e atrair novos investidores. O plano foi mantido após as restrições impostas pelo BC à tentativa de compra do grupo pelo BRB. Assim, o conglomerado busca reorganizar suas finanças e reduzir a exposição a riscos.
O Banco Master vinha sendo alvo de desconfiança no mercado por adotar uma política de captação agressiva. A instituição oferecia rendimentos acima da média, em alguns casos chegando a 140% do CDI, com lastro em precatórios e outros ativos de risco. Essa prática levou à abertura de investigações pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e pelo Ministério Público Federal (MPF). As apurações ampliaram o escrutínio sobre a instituição e impulsionaram ajustes internos.
Estabilidade e perspectivas da reestruturação financeira do Banco Master
A reestruturação financeira do Banco Master representa um ponto de inflexão para o setor bancário médio brasileiro. O segmento passa por revisão estrutural após o aumento das exigências de capital e supervisão. Nesse contexto, analistas consideram o caso um exemplo da nova fase de prudência regulatória que o BC busca consolidar.
Com o reforço de capital e a possível venda do Will Bank, o grupo busca preservar a liquidez e manter as operações equilibradas até a entrada em vigor das novas normas do FGC, em 2026. Além disso, se mantiver a solidez durante o período de ajuste, o Banco Master poderá se reposicionar como um dos poucos bancos médios capazes de operar sob o novo marco regulatório brasileiro.