A demissão do chanceler argentino Gerardo Werthein, confirmada nesta quarta-feira (22/10), expôs uma nova fissura na política externa de Javier Milei. O ministro das Relações Exteriores apresentou sua carta de renúncia na noite anterior (21/10).
A demissão do chanceler ocorre após uma semana de críticas ao ministro argentino sobre sua atuação na reunião entre Milei e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, realizada em 14/10 na Casa Branca. Durante o encontro, Trump afirmou que o apoio financeiro americano à Argentina dependeria do desempenho político de Milei nas eleições legislativas que ocorrerão em 26/10.
“Estou com este homem porque sua filosofia está correta […] se vencer, continuaremos com ele, e se não vencer, estamos fora”, declarou Trump. A fala, amplamente divulgada pela imprensa, foi interpretada em Buenos Aires como ingerência dos EUA e gerou reação negativa entre diplomatas e aliados do governo argentino.
Críticas à condução diplomática levaram à demissão do chanceler argentino
O desconforto aumentou após apoiadores de Milei acusarem Werthein de não preparar adequadamente o encontro. A confusão decorreu da percepção de que Trump se referia às eleições presidenciais, previstas apenas para 2027. Porém, na verdade, Trump se referia às eleições legislativas do próximo domingo, que renovarão parte do Congresso argentino. O episódio se tornou um símbolo da má condução da política externa argentina e ampliou a pressão para a demissão do chanceler.
A renúncia de Werthein ocorre em um momento delicado. O governo Milei tenta fortalecer a confiança internacional enquanto negocia com Washington a ampliação de uma linha de swap cambial de US$ 20 bi. Para parte da imprensa argentina, a demissão do chanceler argentino evidencia o desgaste da diplomacia argentina, marcada por personalismo e falhas de coordenação institucional.
Repercussão e cenário futuro
A demissão do chanceler argentino deixa o governo Milei em busca de recompor sua imagem diplomática às vésperas das eleições legislativas. O episódio reforça a percepção de fragilidade na política externa argentina e pode reduzir a margem de manobra do presidente em negociações financeiras futuras.
Portanto, o caso pode sinalizar que a retórica ideológica de Milei já começou a colidir com a realidade pragmática das relações internacionais, um teste de maturidade para sua diplomacia liberal.