A paralisação do governo dos EUA, iniciada em 01/10, interrompeu a divulgação de indicadores oficiais e criou um apagão estatístico em meio a incertezas sobre a economia americana. O impasse entre Republicanos e Democratas no Congresso paralisou órgãos como o Bureau of Labor Statistics (BLS) e o Bureau of Economic Analysis (BEA), que suspenderam relatórios essenciais. O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) de setembro, por exemplo, foi adiado de 15/10 para 24/10, limitando a capacidade do Federal Reserve (Fed) de avaliar a trajetória da inflação.
A crise começou após o fim do ano fiscal em 30/09, quando o Congresso falhou em aprovar o novo orçamento. Desde então, cerca de 1,4 milhão de servidores federais ficaram sem salário, parte deles trabalhando sem remuneração. O governo Trump tenta usar o bloqueio para reduzir o tamanho da máquina pública e impor cortes em programas sociais. Os democratas, por sua vez, exigem a reversão desses cortes e a inclusão de créditos tributários para baratear o seguro de saúde.
Efeitos da paralisação do governo dos EUA no cenário econômico
Com o shutdown do governo americano, o mercado financeiro enfrenta um apagão informacional, sem dados de inflação, emprego e consumo. Economistas alertam que o Fed pode ter que definir juros com base em dados incompletos, o que amplia o risco de erro de diagnóstico sobre o ritmo da economia. Apesar no atraso na divulgação do CPI, os números de setembro causaram aumento de expectativas por cortes de juros mais acelerados.
Mesmo os indicadores privados, que continuam a ser divulgados, dependem de séries históricas públicas e estão perdendo confiabilidade. Assim, o impacto financeiro da paralisação do governo dos EUA é crescente. Estimativas apontam perdas de US$ 15 bilhões por semana, o que representa queda de até 0,2 ponto percentual do PIB semanalmente. Pequenas empresas contratadas pelo governo estão entre as mais atingidas, pois não recebem pagamentos retroativos. Além disso, programas de alimentação, bolsas estudantis, museus e parques nacionais estão paralisados, afetando milhões de americanos.
Perspectivas econômicas diante do impasse
A paralisação do governo dos EUA é a primeira em quase sete anos e já ultrapassa três semanas. O episódio mais longo anterior, em 2018–2019, durou 35 dias e custou US$ 11 bilhões, segundo o Congressional Budget Office (CBO). Agora, analistas ouvidos pela Reuters e pela BBC afirmam que cada semana de inatividade soma prejuízos permanentes e compromete o crescimento no trimestre.
Portanto, a incerteza fiscal, somada à polarização política, coloca os Estados Unidos diante de um raro teste institucional, em que o custo da paralisia pode ser tão alto quanto o de agir sem informações.









