Bill Gates criticou alarmismo sobre o clima em um novo memorando divulgado nesta terça-feira (28/10), no qual o fundador da Microsoft afirma que o aquecimento global “não levará à extinção da humanidade”. O bilionário defende uma reorientação do debate climático, sugerindo que governos e filantropos concentrem esforços em adaptação, saúde e combate à pobreza, em vez de perseguirem metas de emissões consideradas inalcançáveis no curto prazo.
A mensagem foi publicada uma semana antes da COP30, em Belém (PA). E reflete uma inflexão no discurso de Gates, que até poucos anos atrás alertava para um cenário catastrófico se o mundo não reduzisse o carbono rapidamente. Agora, o empresário diz que a obsessão com metas de temperatura, como o limite de 1,5 °C, “tem desviado recursos das iniciativas que realmente melhoram vidas”, especialmente nos países mais vulneráveis ao calor e à seca.
O bilionário mantém investimentos robustos em energia limpa, biotecnologia agrícola e reatores nucleares, por meio da TerraPower e da Breakthrough Energy. Apesar disso, ele defende que o sucesso da agenda climática deve ser medido pelo impacto humano direto, e não apenas pelos números de emissões. “Os maiores problemas continuam sendo pobreza e doença, como sempre foram”, escreveu.
Criticas de Bill Gates sobre o clima geram reações entre especialistas
A nova postura de Bill Gates, que agora lança críticas sobre preocupação com o clima, quando antes ele mesmo as fazia, gerou críticas por si só. O professor Michael Oppenheimer, de Princeton, considerou que Gates cria uma “falsa dicotomia” e que sua fala pode ser explorada por grupos negacionistas. Já David Callahan, editor da Inside Philanthropy, avaliou que o bilionário busca substituir o pessimismo climático por um otimismo pragmático. Isso apoiado em evidências de que narrativas catastróficas geram paralisia social, segundo o editor.
Nos Estados Unidos, analistas enxergam o movimento como estratégia política em meio ao avanço do ceticismo climático no Congresso. Além disso, Gates teria optado por um discurso conciliador, tentando preservar espaço de diálogo com governos e investidores. Essa abordagem também reflete o encerramento parcial da política climática de sua fundação em Washington, concentrando recursos em saúde e desenvolvimento agrícola.
COP30 e a mudança de foco global
A repercussão das declarações de Bill Gates sobre o clima cresce às vésperas da COP30. O Evento reunirá líderes mundiais em Belém do Pará, nos dias 6 e 7 de novembro (06 e 07/11). Embora Gates não participe do evento, diplomatas avaliam que sua posição pode influenciar o tom dos debates sobre financiamento climático e adaptação.
O encontro ocorre após o ano mais quente da história. Portanto, especialistas afirmam que a defesa de Gates por pragmatismo e cooperação tecnológica pode redefinir as prioridades entre mitigação e adaptação nas negociações multilaterais.
Novo rumo da discussão climática global
Bill Gates, ao criticar o alarmismo sobre mudanças no clima e propor soluções centradas em bem-estar humano, redefine o papel da filantropia no enfrentamento da crise climática. Além disso, essa abordagem pode aproximar as agendas de tecnologia, equidade e sustentabilidade, estimulando políticas mais tangíveis em países em desenvolvimento.
Contudo, críticos alertam que suavizar a narrativa sobre o risco climático pode reduzir a urgência política das ações globais. A tensão entre realismo e mobilização tende a dominar a pauta da COP30 e delinear o futuro das políticas ambientais nas próximas décadas.










