O lucro líquido da Meta no 3T25 despencou para US$ 2,7 bilhões (≈ R$ 14,5 bilhões) após uma cobrança tributária extraordinária de US$ 16 bilhões nos Estados Unidos. A empresa de Mark Zuckerberg afirmou que o impacto de 83,1% foi causado por uma decisão fiscal semelhante à que afetou a Netflix no Brasil.
Sem esse evento pontual, o lucro da Meta no 3T25, divulgado quarta-feira (29/10), teria alcançado US$ 18,6 bilhões. Assim, mantendo a trajetória de crescimento da holding que controla Facebook, Instagram, WhatsApp e Threads.
Apesar do impacto contábil, a receita total subiu 26% na comparação anual, chegando a US$ 51,2 bilhões, apoiada principalmente na publicidade digital. Mesmo assim, o mercado reagiu com cautela: as ações da companhia caíram 8% nas negociações após o fechamento da bolsa de Nova York, refletindo preocupação com o aumento de custos e os investimentos bilionários em inteligência artificial.
A decisão fiscal que afetou o lucro da META no 3T25 e paralelo com o caso da Netflix no Brasil
Assim como afirma a empresa, a queda do lucro da Meta no 3T25 está ligada a uma decisão fiscal recente nos Estados Unidos, que revisou as regras de “transfer pricing”, usadas para precificar transações entre subsidiárias de um mesmo grupo.
Nesse sentido, o Serviço de Receita Interna (IRS) concluiu que a empresa subavaliou o valor de seus ativos intangíveis — como tecnologia e marcas — e, por isso, recolheu menos impostos nos últimos anos.
Com base nessa decisão, a Meta precisou registrar uma provisão única de aproximadamente US$ 16 bilhões, que afetou diretamente o resultado de lucros do 3T25.
O caso tem paralelo com o da Netflix no Brasil, que também registrou perda contábil após a cobrança da CIDE-Tecnologia, contribuição incidente sobre remessas ao exterior relacionadas ao uso de tecnologia e royalties. Em ambos os países, o foco das autoridades fiscais é tributar fluxos de propriedade intelectual antes isentos ou subvalorizados nas demonstrações financeiras das big techs.
Apesar dos lucros no 3T25, Meta amplia gastos em IA e infraestrutura
O grupo prevê despesas entre US$ 70 e 72 bilhões neste ano, acima do estimado anteriormente, e já projeta gastos “notavelmente maiores” em 2026. O foco é acelerar a construção de data centers e expandir a capacidade de processamento necessária para projetos de superinteligência artificial. Um conceito que descreve sistemas com desempenho superior ao humano.
Em conferência com analistas, Mark Zuckerberg afirmou que a Meta pretende “antecipar agressivamente a construção de capacidade”. Além de preparar-se para “os casos mais otimistas no desenvolvimento da superinteligência”.
Segundo fontes apuradas pelo Economic News, o executivo planeja investir ao menos US$ 600 bilhões em infraestrutura até 2028. Assim, consolidando a liderança da Meta na corrida global por IA generativa.
Publicidade sustenta receita e base de usuários
Apesar do rombo bilionário no lucro fererente ao 3T25, o desempenho operacional da Meta segue robusto. A plataforma de anúncios, reforçada por modelos de IA, tem permitido campanhas mais segmentadas e automatizadas, impulsionando o faturamento. Além disso, a companhia passou a monetizar novas frentes — como anúncios no WhatsApp e no Threads — enquanto os Reels do Instagram mantêm a competição direta com o TikTok e o YouTube Shorts.T
A base global de usuários também sustenta os números: 3,5 bilhões de pessoas acessaram ao menos um dos aplicativos da empresa diariamente no último mês. Esse ecossistema integrado garante escala publicitária e fortalece o posicionamento da Meta mesmo diante da pressão de custos.
Perspectivas para o desempenho de lucro da Meta após o 3T25
A Meta projeta receita entre US$ 56 bilhões e US$ 59 bilhões no quarto trimestre, dentro das expectativas do mercado, mas com margens sob risco. Analistas apontam que o lucro da Meta no 3T25 evidencia o desafio de equilibrar investimentos em IA com retornos de curto prazo. O impacto fiscal, embora pontual, reacende o debate sobre a tributação de multinacionais de tecnologia nos EUA.
Se a expansão em inteligência artificial se converter em eficiência e novos produtos, a Meta pode reforçar sua vantagem competitiva em escala de dados e publicidade algorítmica. Caso contrário, os custos crescentes podem comprometer parte da rentabilidade futura. E esse é um teste direto à estratégia de Zuckerberg de apostar bilhões na construção da próxima era digital.










