O Boletim Focus publicado hoje (03/11) pelo Banco Central mostra uma nova redução nas expectativas de inflação para 2025, enquanto a taxa Selic segue estável em 15% ao ano. Segundo as projeções do mercado financeiro, o Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) deve encerrar o ano em 4,55%, após quatro semanas consecutivas de queda.
A estimativa para 2026 também foi revista de 4,28% para 4,20%, indicando que o processo de desinflação segue, ainda que em ritmo lento. Enquanto para 2027 e 2028, as projeções continuam em 3,80% e 3,50%, respectivamente. O que sugere convergência gradual para a meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional.
Boletim Focus divulgado hoje indica estabilidade da Selic e do PIB
O mercado manteve a taxa Selic em 15% pela 19ª semana consecutiva, refletindo a postura cautelosa do Banco Central em meio à persistência de pressões fiscais. Enquanto isso, o PIB projetado para 2025 segue em 2,16%, sem alteração nas últimas quatro semanas, com expectativa de crescimento moderado em 2026 e 2027.
- PIB 2025: 2,16%
- Selic 2025: 15,00% ao ano
- PIB 2026: 1,78%
- PIB 2027: 1,90%
De acordo com o Boletim Focus, o câmbio permanece em R$ 5,41 por dólar, mostrando estabilidade nas expectativas para o curto prazo.
IGP-M entra em território negativo e contas públicas seguem pressionadas
O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), índice amplamente utilizado em contratos de aluguel, foi revisado de 0,49% para -0,20%, sinalizando deflação em 2025. Já o resultado primário das contas públicas deve encerrar o ano em -0,50% do PIB, e o nominal em -8,50%, com dívida líquida atingindo 65,8% do PIB.
Esses números apontam que o cenário fiscal segue desafiador, com aumento gradual da dívida pública projetada até 2028. Portanto, a melhora só é esperada a partir de 2027, quando o resultado nominal deve cair para -7,5% do PIB.
Panorama econômico e leve alívio nas expectativas
As projeções do Boletim Focus desta semana reforçam um ambiente de transição na política monetária. A inflação suavizada em 12 meses caiu para 4,06%, o que indica desaceleração sustentada, mas ainda acima do centro da meta.
O mercado vê espaço para redução da Selic apenas a partir de 2026, quando deve cair para 12,25%, recuando gradualmente até 10% em 2028. Analistas interpretam que, apesar do enfraquecimento dos preços, a política monetária deve continuar restritiva por mais tempo para conter a inércia inflacionária e compensar a fragilidade fiscal.
No cenário externo, a balança comercial segue robusta, com superávit de US$ 62 bilhões projetado para 2025. Sendo assim, um número que compensa parcialmente o déficit em conta corrente de US$ 71 bilhões.
No conjunto, o Boletim Focus divulgado hoje reforça a percepção de que a economia brasileira vive uma fase de ajuste lento, sustentada por juros altos, inflação em queda e uma política fiscal ainda pressionada. Portanto, a convergência para estabilidade dependerá da capacidade do governo em controlar gastos e da resposta gradual da atividade econômica à política monetária.










